Marconi Moreira na exposição "Visualidade ambulante" |
É a partir da aldeia, portanto, que se atinge o global. “O trabalho parte de algum lugar. O clima, a paisagem, a história, são vários dados de uma visualidade que alimenta a percepção de quem produz e pensa esteticamente”, diz Marcone Moreira, nome em franca ascensão nas artes plásticas nacionais.
Nascido no Maranhão, aos 15 anos mudou-se para Marabá. A atmosfera ribeirinha da cidade em crescimento inundou o olhar do artista que, aos 30 anos, já participou de exposições em Nova York, Espanha, França e Alemanha. Sua produção tem como forte referência a cidade em que vive: o uso de madeira de barcos, carrocerias de caminhão, portas de ferro, caixas de isopor, nylon de sacolas como matéria prima.
“Trabalho com construções e junções de planos de materiais e cores, que aliam a delicadeza da arte construtiva com a rudeza de materiais descartados, lixo”,explica o artista,que traduz o que o cerca por meio de instalações, esculturas e fotografia. Busca por uma identidade contemporânea remonta aos anos 80.
“Marcone é muito jovem e muito atuante internacionalmente. Sabe se perceber não como quem parte de um lugar isolado, mas como quem sabe de sua relação com o mundo”, opina Marisa Mokarzel, pesquisadora e curadora. “Só é possível falar daquilo que se conhece. O meu universo está impregnado pelo meu sotaque, pelo que eu como, pela minha memória. Isso me acompanha onde quer que eu vá. Daí busco uma linguagem que me permita comunicar com o mundo”, diz Marcone.
Do Diário do Pará