Nomes de políticos envolvidos no esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Youssef vieram à tona neste sábado em reportagem da revista Veja. A participação de ex-governadores, presidentes da Câmara e do Senado e de um ministro foi revelada pelo ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras Paulo Roberto Costa. Preso em março pela Polícia Federal por acusação de ligação com o esquema, ele aceitou um acordo de delação premiada e vem sendo interrogado em Curitiba.
Entre os nomes divulgados, estão os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA). Do Senado, foi apontada a participação do presidente nacional do PP, Ciro Nogueira (PI), e de Romero Jucá (PMDB-RR). Entre os deputados delatados por Costa, está Cândido Vaccarezza (PT-SP) e João Pizzolatti (PP-SC).
Conforme a Veja, o ex-ministro das Cidades e ex-deputado Mario Negromonte(PP) também foi citado pelo ex-diretor como destinatário da propina. O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB), a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), e o ex-governador de Pernambuco e ex-candidato à Presidência morto em acidente aéreo Eduardo Campos (PSB) também foram apontados por envolvimento.
O ex-diretor ainda admitiu, pela primeira vez, que as empreiteiras contratadas pela Petrobras tinham que, obrigatoriamente, contribuir para um caixa paralelo que tinha como destino final partidos e políticos. PP, PMDB e PT foram citados por ele como os principais partidos beneficiários do propinoduto.
No que diz respeito ao PT, Costa afirmou que o responsável por fazer a ponte com o esquema era o tesoureiro nacional do partido, João Vaccari Neto — que já havia tido o nome apontado nas investigações.
Em conversas preliminares, o ex-diretor teria dito que a operação de aquisição da refinaria em Pasadena, no Texas (EUA), também abasteceu o caixa de partidos e serviu para pagar propina a alguns envolvidos na transação. Nos próximos dias, segundo a Veja, Costa deve prestar depoimento especificamente sobre esse assunto.
O número de políticos envolvidos no esquema pode ser ainda maior, já que o ex-diretor teria citado pelo menos 30 senadores e deputados que receberiam 3% de comissão sobre o valor de cada contrato da Petrobras firmado durante sua gestão (entre 2004 e 2012).
O primeiro depoimento de Costa ocorreu na sexta-feira, 29 de agosto. Desde então, as sessões têm sido diárias. Registrados em vídeo, os depoimentos já geraram 42 horas de gravações até a metade da semana passada. As conversas são salvas em arquivos criptografados e, ao final de cada depoimento, todo o material é lacrado.
No final da noite de sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff (PT) teria reunido assessores do Planalto para avaliar o impacto das revelações — e auxiliares relembraram que Costa está na Petrobras desde o governo de Fernando Henrique Cardoso.
Com a delação premiada, o ex-diretor tem por objetivo a redução da pena, que poderia chegar a 50 anos. Pelo acordo, que será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal — que pode aceitá-lo ou não — Costa será colocado em liberdade quando terminar de prestar os depoimentos. Ele deve ficar um ano usando tornozeleira eletrônica em casa, no Rio de Janeiro, sem poder sair.