BRASÍLIA - O segundo turno já começou. Isso ficou evidente no debate desta segunda (1º/9) entre os presidenciáveis, quando Dilma Rousseff perdeu os pruridos e partiu para cima de Marina Silva, e Marina Silva não se fez de rogada e bateu firme no governo da adversária.
Em segundo plano, o tucano Aécio Neves estreou uma nova fase. Em vez da polarização PT-PSDB, com Marina no meio, o que se viu foi Dilma e Marina frente a frente, com Aécio tentando sobreviver entre as duas favoritas. Ele centrou fogo em Dilma, deixando à presidente a missão de bater em Marina. No fim, colocou-se como opção ao "fracasso" do governo e às "contradições" de Marina.
Dilma, enfim, cedeu à pressão de Marina para reconhecer os erros: "Pode parecer que estou plenamente satisfeita. Não estou". E Marina, enfim, saiu da zona de conforto em que trafegava desde 2010, mas se saiu bem ao explicar os pagamentos que recebe por palestras e ao se equilibrar entre o tripé econômico desprezado por Dilma e os avanços sociais. De avião, ninguém falou.
Propaganda na TV funciona a favor das reeleições porque todo governante, por pior que seja, tem sempre o que mostrar: a obra tal, o programa qual. Mas debate funciona contra, porque todo governante, por melhor que seja, também tem o que esconder. E o que é vantagem se transforma em desvantagem: os adversários se unem para apontar o dedo contra quem está no poder.
Debate é forma e conteúdo. Marina estava firme, segura, mantendo um discurso que tem pouco de concreto, mas fala à alma de uma grande maioria sedenta por mudança.
Alguém precisa dizer a Dilma, se é que Dilma sabe escutar, que a cara mal humorada, às vezes parecendo vermelha de raiva, não ajuda a convencer o telespectador nem a humanizar a sua figura. Ainda mais se, na propaganda do PT, atua como a vovó boazinha que faz macarrão e, no debate, assume o ar de lobo mau.
Não muda nada, mas é divertido.