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A ilustração nos apresenta Nauro Machado sentado em uma cadeira branca, típica de ambientes informais e aconchegantes. Com sua barba branca e expressão plácida. Ele evoca uma figura de sabedoria e tranquilidade. Ao seu lado, ou melhor, quase em seu colo, está Celso Borges, cujo semblante expressa um misto de carinho, respeito e admiração. Celso inclina-se em direção a Nauro, criando um elo quase tangível entre os dois.
O abraço de Nauro envolve Celso de maneira protetora e acolhedora, enquanto Celso descansa a cabeça em seu torso, um gesto que transmite conforto e confiança. O livro aberto no colo de Nauro sugere uma partilha de conhecimento, um momento de leitura ou criação conjunta, simbolizando a troca intelectual e afetiva entre os dois poetas.
O fundo da imagem, com o horizonte líquido e o céu em tons suaves de azul e cinza, complementa a cena com uma sensação de angústias temporariamente apaziguadas. A luz suave do entardecer amanhece e banha os poetas com uma luminosidade quase mágica, realçando a aura atemporal do momento.
Há algo profundamente poético na maneira como esta imagem captura a relação entre os dois homens. Não é apenas um registro de amizade, mas uma representação visual de cumplicidade, de troca de ideias e de apoio mútuo. A imagem nos convida a refletir sobre a importância das conexões humanas, especialmente aquelas que transcendem o tempo e permanecem vivas na memória e nas obras deixadas.
Ambos os poetas já não estão mais entre nós, o que confere ao registro visual uma camada adicional de melancolia e homenagem. É como se a imagem preservasse um momento eterno de diálogo e carinho entre os dois, um instante congelado no tempo que continua a ressoar na lembrança daqueles que admiram e amam suas obras.
A imagem é um testemunho poderoso da relação entre Nauro Machado e Celso Borges. É um quadro que fala de amor, respeito e troca intelectual. Através dela, somos lembrados da beleza das conexões humanas e da capacidade do retrato de capturar não apenas rostos, mas sentimentos profundos e duradouros.
A imagem ganhou moldura e está exposta no Bar do Léo, e no Bar do Léo, o fragmento da cena ganha ainda mais vida, inserido em um contexto de encontros e celebrações que eternizam a memória desses grandes poetas. E, graças ao olhar atento e sensível do fotógrafo, essa memória foi capturada de maneira tão bela e significativa.
* César Borralho é poeta e filósofo
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