terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Reeleição de Pereirinha eleva a política à categoria exponencial de excrescência

    O discurso do vereador Antonio Isaías Pereirinha (PSL), presidente da Câmara Municipal de São Luís em busca da eleição para o quarto mandato na reunião com o G-22 (grupo com 22 vereadores reeleitos e eleitos), soaria até original, não estivesse tão contaminado de óbvio e ululante oportunismo. Concomitantemente, Pereirinha fala em governabilidade, exalta a postura soberana e independente do Poder Legislativo e se propõe a fazer a ponte entre o prefeito eleito de São Luís, Edivaldo Holanda Júnior e a governadora Roseana Sarney.
    No afã de ser convincente, o Isaías Pereirinha cita exemplos de independência dos poderes, chegando ao ponto de enumerar vetos e derrotas impostas pela Câmara ao prefeito João Castelo (PSDB), mumificado na cadeira de gestor após a derrota em 27 de outubro.
    Repetindo a carcomida retórica da governabilidade, Pereirinha demonstra amnésia seletiva sobre as derrapadas que a Câmara cometeu, sendo ele presidente da Mesa Diretora. De saída, aprovou a instituição da cobrança da taxa de lixo que o próprio prefeito de então, o pedetista Tadeu Palácio, reconheceu como um erro. Na mesma linha aprovou o mais alto salário para um gestor municipal no país, o do seu "irmão" Tadeu Palácio, e, por conseguinte, o de João Castelo, Edivaldo Holanda Júnior, etc, etc.
    Na gestão do tucano, conduziu a aprovação do reajuste do IPTU a níveis estratosféricos, mais tarde barrado pela Justiça com interferência da OAB-MA e pressão da Assembleia Legislativa.
    Pereirinha fraziu o cenho quando deputados cobraram postura legislativa do Palacio Pedro Neiva de Santana no caso do desvio do dinheiro dos convênios firmado entre governo do estado e prefeitura de São Luís, em 2009, para construção de obras prementes para a melhoria da mobilidade urbana, como viadutos, etc. Em outra triste cena em nome da governabilidade Pereirinha mandou esvazir à força o plenário da Câmara Municipal ocupada por professores em greve na administração Castelo.
     Pereirinha e parte de seu partido, o PSL, apoiaram o prefeito Castelo na campanha fracassada para a eleição. Não tinha como deixar de retribuir as benesses que o prefeito lhe ofertou como a adiposidade da folha de pagamento da Secretaria Municipal de Esporte, feudo do vereador cohabiano há várias gestões. Afinal, foi com o esporte que ele se viabilizou para o primeiro mandato e daí por diante.
    O próprio Castelo quando se viu abandonado pelos aliados do Palácio La Ravardiére espalhou que tinha vereador com uma penca e uma carrada de apaniguados na folha de pagamento da prefeitura de São Luís. é de conhecimento público que a pole position nesses últimos quatro anos foi ocupada por Pereirinha.
    É esse mesmo Pereirinha, que elevou exponencialmente seu patrimônio no período em que exercia o mandato de edil, contribuindo com a reeleição da governadora Roseana Sarney (PMDB) para o quarto mandato.
    Como presidente da Mesa Diretora ele é insuperável. Citada sempre pelos órgãos de controle como a mais obscura casa legislativa entre os 5.565 municípios do país, a Câmara de São Luís é uma caixa inoxidável, sobretudo quando se trata de transparência. Nesse aspecto reflete a cumplicidade corporativa da Casa, aviltando a cidadania.
    Quando fala em colaborar, jamais o vereador Pereirinha diz-se comprometido com a sociedade. Seus compromissos são firmados em gabinetes. Para quem atende pedidos de doação de bolas em sua casa, na perspectiva da retribuição do voto, o discruso de mudança é pedra de toque de uma pseudo-renovação, balizado no pensamento de a reeleição em legislaturas diferentes não fere a democracia. Lustrado, o vereador Pereirinha chega ao cúmulo de dizer que vai derrubar o instituto da reeleição no seu próximo mandato. Só isso, e a justificativa de que permanecerá para implantar o Plano de Cargos, carreiras e Salários entre os fantasmas e apaniguados da Câmara, torna seu papel questionável. Não é dessa forma que se renova. È dessa forma que se cria monstros. Vide na Assembleia. 
    Sendo justo, a relação promíscua do presidente da Câmara Municipal de São Luís não é uma prerrogativa de Pereirinha, nem uma singularidade ludovicense.  Sua reeleição é o mais evidente exemplo de que estamos condenados a conviver com o retrógrado. Plasma o atraso.