terça-feira, 29 de maio de 2012

No Maranhão saúde está na UTI por falta de médicos


Índios de Arame fazem protesto na galeria da Assembleia Legislativa do MA
Em três municípios do Maranhão não há um só médico para atender a população. Perto de 20 mil habitantes de Lajeado Novo, São Domingos do Azeitão e São Raimundo do Doca Bezerra não contam com o profissional de saúde para atendimento de qualquer natureza. Em outros 14 dos 217 municípios maranhenses há apenas um médico para dar assistência aos habitantes. Nenhum dos municípios atende critério da Organização Mundial de Saúde, OMS.
    Segundo classificação da organização o estado do Maranhão está na escala baixa de saúde.Pelos critérios recomendados pela OMS, o ideal é que haja 2,5 médicos para cada grupo de mil habitantes. Nem mesmo a capital do estado preenche a recomendação. Em São Luís, onde se concentra o maior número de profissionais da área de saúde, há 1.376 atuando, segundo informação do Conselho Regional de Medicina. Proporcionalmente são 1,36 médicos para cada mil habitantes do município com 1.014.837 habitantes, segundo dados do Censo do IBGE de 2010. O estado tem 1,31 posto de trabalho ocupado por mil habitante, significa que está duas vezes e meio menos que a média nacional.
    Em Arame, onde os índios Guajajaras reclamam por assistência médica junto à FUNAI há quatro médicos para a população de 31.562 habitantes. No município, uma jovem de 13 anos morreu depois de ter sido atendido em trabalho de parto por uma enfermeira. De acordo com o deputado Carlos Alberto Milhomem, do base de apoio ao governo do estado na Assembleia Legislativa do Maranhão, “inexperiente ao fazer o parto, exagerou, e o resultado foi a morte da indiazinha...”. 
Boa eleição
    O deputado isentou a profissional de culpa, mas condenou o sistema de saúde do município. “Se você for ao hospital do Arame, parece que está entrando numa rancharia, está entrando num lugar não saudável”. O hospital referido pertence ao deputado Hemetério Weba que o alugou para o município somente com equipamentos.
    “O negócio mais carente nos municípios hoje é médico. Se você quiser ter uma boa administração em qualquer município, tenha médicos e pague salário de funcionário e professor em dia. Assim, você já tem uma boa eleição”, ensina a deputada Vianey Bringel, médica esposa do médico e prefeito de Santa Inês, Roberth Bringel.
    Em Lago dos Rodrigues, município onde o governo do estado inaugurou o primeiro dos 72 hospitais prometidos no programa Saúde é Vida, há apenas um médico para atender a população de quase 8 mil habitantes. Muitos médicos atendendo dois municípios. Rodolfo Leite Alves, casado com uma parente da deputada Vianey Bringel, trabalha em Santa Inês e em Marajá do Sena, cerca de duzentos quilômetros distante um do outro.
Anestesia
  A caça ao médico pelos prefeitos em tempos de campanha é ávida. Integrante da Federação dos Municípios do Estado do Maranhão, o prefeito de Poção de Pedra, Gildásio da Silva, empreendeu viagem até São Paulo para importar médicos para o município. Com a promessa salarial de R$ 8 mil mensais e despesas pagas, o prefeito manteve durante algum tempo uma equipe de três médicos, até que estes fossem atraídos por propostas mais altas.   
   A média de salário é superior a R$ 10 mil para o médico, mas há especialidade em que os vencimentos são estratosféricos para o pobre estado do Maranhão, O anestesista, por exemplo, é o mais disputado dos profissionais de saúde. Por conta da disputa chegam a cobrar até R$ 3,5 mil por cirurgia. Na necessidade, há quem pague. Não foi esse o caso da índia em Arame.

Onde não tem médicos
Lajeado Novo – 6.923 hab.
São Domingos do Azeitão – 6.983 hab.
São Raimundo do Doca Bezerra – 6.090

Onde tem apenas um médico
Afonso Cunha
Altamira do MA
Araguanã
Bernardo do Mearim
Cachoeira Grande
Gov.  Luiz Rocha
Lago dos Rodrigues
Nova Colinas
Porto Rico
Santo Amaro do MA
São Pedro dos Crentes
São Roberto
Serrano do MA
Tufilândia