domingo, 18 de outubro de 2020

Os vilões eleitos do “Caso Robinho” - André Bloc

 vIolêNcIA 

Robson de Souza, o Robinho, já elegeu os vilões do caso em que foi condenado por estupro de uma jovem na Itália, em 2013. A “Globo”, esta entidade mágica que suspeitos recorrentemente usam para atacar o jornalismo, e “feministas”, que, segundo ele, “muitas vezes mulheres não são nem mulheres, para falar português claro”. 

As acusações de estupro coletivo, pelas quais o ex-atacante da seleção brasileira foi condenado em primeira instância em 2017, não são novas. O que houve de novo, escancarado pelo jornalismo, foram a extensão do deboche dos condenados após saberem da investigação. 

Ao atacar a “Globo”, Robson diz que o problema não é o que ele disse, mas o fato de que agora todos sabem. Ao atacar as feministas, ele deixa claro que ignora a existência de uma mulher vítima. A única autocrítica deste homem, repito, condenado por estupro, é o moralista papo de “traição”.

Não existe um pingo de remorso, de autocrítica. Robson parece incapaz de entender a extensão dos próprios atos — algo próprio do meio futebolístico,onde os milionários jogadores vivem em bolhas de bajulação. A sociedade mudou e, agora, as vítimas começam a ser ouvidas. Muito pelo trabalho do jornalismo e da luta feminista. 

O esporte, com a visibilidade que tem, pode ser agente de mudança. Em “comum acordo”, o Santos e Robson suspenderam o contrato. Não foi por autocrítica do jogador, que segue discurso de que sexo é penetração, ao mesmo tempo que alega ter sido consensual. 

Nem mesmo pelo clube, que parece só ter “amadurecido” quando patrocinadores reagiram. Num plano ideal, o fim desta nova volta de Robinho ao Santos seria uma lição de humanismo, de maturidade social no ambiente esportivo. Neste que vivemos, a balança financeira parece ter imposto um mínimo de juízo aos envolvidos.