Estou de volta
do Exílio
pra onde fui despachado,
na sucursal do
Inferno
até doido é
torturado.
Roseana, a Sinhazinha,
me botou lá em
Pedrinhas.
Saí de lá
degolado.
Um crânio vazio
eu deixo
para a Justiça
falida,
depois que for
exumado
e abrir novas
feridas.
Mas como ser
enforcado,
se o pescoço foi
cortado
e a cabeça não
tem vida?
Não posso colar
no corpo
esta memória com
grude,
mas o sangue
derramado
deixo ao Plano
de Saúde
que roubou o meu
dinheiro.
UNIMED é o Coveiro
que aprontou meu
ataúde.
Na fila do SUS
deixei
uma vela de despacho
para Ricardo
Murad
que jurou
erguer, por baixo,
setenta e dois
hospitais,
não era menos
nem mais
– procuro um e
não acho.
Deixarei também
a ele
o número sorteado,
mas do Cofre do
Estado
Na Saúde é um alvoroço,
e já está roendo
o osso
da Segurança, o
danado.
Ó cidade miserável,
de tanta dor e
tormento.
Só de anos de
mentira
já tem mais de
quatrocentos.
Neste conto do
Vigário,
o Palácio é um Calvário,
e a Zona é um
Convento.
Por causa da
Oligarquia,
que vive fora da
lei,
jornalista já não
dorme.
No Testamento eu
botei
o jornal Vias de
Fato
feito um grande carrapato
no cangote de
Sarney.
A governadora
disse
que o Maranhão é
rico.
Tem manga,
petróleo e gás,
rombo fiscal e
penico.
Essa crise
carcerária
é doença hereditária,
e o povo é quem
paga o Mico.
Deixarei um
funil velho
para a Refinaria
representar seu
papel
no Reino da
Fantasia.
Coitada de
Bacabeira,
vai refinar a
sujeira
e a merda da
Oligarquia.
No carro da
Petrobrás
tá faltando óleo
de freio,
com tanta
superfatura
o negócio ficou
feio.
Divisas nem se
discute,
se fraude é
Cláusula Put,
tem putaria no
meio.
Vou deixar um
Lava-Jato
pra ver quem
ganha a aposta.
Será Nélson
Cerveró,
ou Paulo Roberto
Costa?
Na quitanda, a
Globo filma,
com todo o aval
da Dilma,
qual dos dois
lava mais bosta.
Um Jatinho da PF
no Congresso vou deixar
pro golpista André Vargas
com Youssef voar.
Lavagem com Mensalão,
Labogen, corrupção:
que remédio isso vai dar?
Antes que acabe
a tinta
deixo armas e
brasões
para o Edinho
Trinta
(candidato dos
vilões)
e o forno da Titia,
pra inaugurar padaria
no Palácio dos
Leões.
Também deixo pro
Lobinho
os túneis da
madrugada
que cavei lá em
Pedrinhas.
Vai fugir em
disparada
num cavalo puro
sangue,
depois de cruzar
o mangue,
rumo à Serra
Pelada.
Entrego pro
Flávio Dino,
que é amigo do
peito,
uma estrela sem
destino
para quando for
eleito.
O PC do B tem
grife,
filiou até
xerife
para garantir o
Pleito.
A Foundation São
Luís
em inglês não é à
toa,
é pra carregar
turista
pro Arraial de
canoa.
O Bureau do Eleotério
para o pobre é um
cemitério,
para o rico é uma
Lagoa.
E para os bobos
da Corte
que alugam sua
voz
eu vou deixar
puxa-puxas,
quebra-queixos, derressóis.
Nessa corrida de
saco,
coça menos quem
é fraco,
puxa mais quem é
Veloz.
Já repassei ao
Prefeito
um invento de
fariseu
chamado VLT,
que Castelo
prometeu,
mas nasceu
morto, sem laudo,
e entregou pro
Edivaldo:
– Toma, que o
filho é teu!
Espero que não
se zanguem
com as heranças
sovinas,
que botei no
Testamento
retirado da
latrina.
Mas, se não for
do agrado,
Deus é quem é o culpado,
pois sou
invenção Divina.
Pra escapar da
sua língua
no Beco do
Gavião,
deixo um bar
para Rosana
e um quilo de
camarão.
Capiroto, que é bandido,
já botou o
apelido:
Bar do
Afeganistão.
Patativa anda
sorrindo,
já botou água de
cheiro
no sovaco e na
chorina
dizendo pro
mundo inteiro
que vai tirar o
atraso,
pois agora virou
caso
do cantor Zeca
Baleiro.
Corinthiano é o
culpado
por tudo o que
aconteceu,
inventou essa
cachaça
que Patativa
bebeu.
Depois da tal
“Fogozada”
ela não muda a
toada,
e só canta Xiri
Meu.
Se a múmia do Executivo,
não fosse tão
paralítica,
mereceria uma
Faixa
de Gaza na Zona
Crítica.
Se fosse como
Faustina
haveria
disciplina,
sem corrupção
política.
Um caminhão de
lagosta,
camarão e caviar
ainda não decidi
para quem eu vou
deixar.
Eu peço então à
plateia
que me dê uma
ideia:
que nome devo
botar?
Para Wellington
Reis
a receita vou
deixar
pra fazer outro CD
na Arte de
Cozinhar.
É uma língua
alugada
ao molho de
marmelada,
eu não sei se
vai gostar.
Para tomar mais
cuidado
na calçada em
que trafega,
vou deixar Desinfetante
e uma vassoura brega
para a Secretária
Olga,
que, quanto mais
se empolga,
mais na Cultura
escorrega.
Judas também é
cultura,
mesmo
subfaturada.
Por isso peço
aos herdeiros:
não gastem toda a
mesada
da minha miséria
cômica,
que está na
Caixa Econômica
com a fome
embalsamada.
Para a História
do Brasil
ficam marcas de
tortura,
corpos
desaparecidos
nos quintais da
Ditadura.
Desde o Golpe
Militar
já cansei de
procurar
minha própria sepultura.
De almas sem Anistia
cinquenta anos
se vão.
Para Herzog, Marighella,
Lamarca e Ruy
Frazão
deixo as
lágrimas do rosto
e o coração exposto,
por falta de vinho e pão.
FIM