Ministro de Minas e Energia reuniu-se com a presidente nesta quinta, mas negou que o encontro tenha servido para discutir o risco de racionamento
Edison Lobão: ministro volta a minimizar efeitos da crise no setor elétrico (José Cruz/Agência Brasil) |
A presidente Dilma Rousseff não compareceu à reunião do Comitê de
Monitoramento do Setor Elétrico na quarta-feira, mas recebeu o ministro
de Minas e Energia, Edison Lobão, na manhã desta quinta no Palácio do
Planalto. Apesar de o encontro ocorrer em meio a um cenário de incerteza
no setor, a versão oficial informada pelo ministro é de que o tema
"racionamento" sequer foi tratado. O discurso do ministro é uma nova
tentativa do governo de minimizar os riscos provocados pela situação calamitosa dos reservatórios das hidrelétricas nacionais.
O encontro com Lobão foi o primeiro compromisso oficial da presidente
no Palácio do Planalto em 2013. Na saída, Lobão tentou convencer os
jornalistas de que, durante as duas horas do encontro, a situação do
sistema elétrico não foi levantada. Em entrevista coletiva após a
reunião com a presidente, o ministro se recusou a tratar da questão dos
níveis dos reservatórios. "Estivemos hoje com ela por quase duas horas.
Não se tratou desse assunto", afirmou, de forma pouco convincente.
Novos leilões - Como parte da estratégia do governo
para mudar o foco do noticiário sobre o risco de racionamento, Lobão
anunciou que o governo vai leiloar mais 172 blocos de exploração do
petróleo - o que não inclui a camada pré-sal. A medida, que corresponde à
11ª rodada de oferta dessas áreas, foi assinada pela presidente Dilma
Rousseff nesta quinta. A licitação deve ocorrer em maio. O leilão já
havia sido anunciado anteriormente e a novidade é a assinatura da
autorização.
Por outro lado, o governo cancelou definitivamente a 8ª rodada de
licitação de campos de petróleo, que incluía o pré-sal. Como o Congresso
estabeleceu que a exploração dessas áreas precisa ser feita em um novo
regime de partilha dos royalties, o resultado dessa rodada se tornou
inócuo. "Ficou legalmente inviável nós assinarmos um contrato de
concessão numa área em que a lei do Brasil diz que só pode haver
partilha", afirmou Magda Chambriard, diretora da Agência Nacional do
Petróleo (ANP), durante a coletiva.
O governo também anunciou nesta quinta que vai abrir licitação para a
exploração do gás de xisto, que é o insumo extraído das rochas. As
avaliações iniciais dão conta de que o Brasil tem potencial para
produzir até 500 trilhões de pés cúbicos (pouco mais de 14 trilhões de
metros cúbicos) do gás. O ministro de Minas e Energia negou que a compra
tenha a ver com problemas de abastecimento nas usinas termelétricas:
"Uma coisa nada tem a ver com a outra. Absolutamente nada. Nós queremos
produzir cada vez mais gás no Brasil. E estamos produzindo energia
elétrica na medida das necessidades brasileiras", disse Lobão.
De VEJA