Por José Reinaldo Tavares
O chefe do Clã escreveu um artigo mostrando o que planejam fazer: liquidar com o conceito do novo, vitorioso na eleição recente em São Luís, para impedir que esse conceito seja um grande cabo eleitoral do Flávio Dino em 2014.
Como fazer isso? Desqualificando a nova administração de São Luís e, por isso, Edivaldo que se cuide, pois deve apanhar muito, com razão ou não. Não interessa.
Assim, ao final, vai ser difícil que só “o novo” ganhe eleições tão cedo por aqui. Vai ser preciso conseguir convencer a população de que tem projetos muito bem elaborados e que está muito preparado para finalmente mudar o Maranhão. Talvez isso acabe sendo melhor para a população, pois exigirá dos candidatos um conhecimento muito melhor dos problemas e necessidades do estado e acabe com muitas fantasias e promessas mirabolantes. Tomara.
O desenvolvimento do Maranhão é inexorável. Nós temos o maior potencial de crescimento da região, uma região que viceja a olhos vistos, mas infelizmente estamos atrás de quase todos os outros estados. Por quê?
Por vários motivos. Se compararmos com outros estados da região, todos eles se libertaram das oligarquias que os aprisionavam politicamente no passado. Só não o Maranhão e Alagoas. Exatamente os mais atrasados, juntos com o mais pobre de todos, o Piauí.
Mas à medida que o Brasil se apercebe do declínio político do grupo dominante, os empresários vão se animando. O governador Jackson Lago mandou fazer uma pesquisa para saber porque os empresários não se animavam a vir para o estado e constatou que a maioria temia esse poder político enorme que impedia até o funcionamento pleno dos outros poderes, além do executivo.
Os casos da Bunge, do Armazém Paraíba, entre outros, foram amedrontadores. Isso poderá mudar nos próximos anos com as mudanças políticas que virão. Mas será suficiente para o desenvolvimento? Não será, exatamente porque a educação ministrada no estado é a pior do país, examinando-se os indicadores federais que medem o seu nível. E então os jovens maranhenses ficarão apenas com os empregos de baixa remuneração e qualificação. Terrível assim.
Entre outras mazelas, temos o maior contingente de analfabetos do país. Na PNAD passada, estávamos melhor que Piauí, Paraíba e Alagoas. Nesta última, do atual governo, estamos em último, juntamente com Alagoas. São 1.010.551 analfabetos no Maranhão, 461.698 na área urbana e 548.853 na rural, perfazendo 21,6% da população. Isso influi na evasão escolar, provado que está que filhos de analfabetos largam a escola com muito mais frequência do que os filhos de pais escolarizados.
Assim, a média de anos de estudo dos maranhenses é de apenas 5,83, a menor do país, junto com Alagoas. O que é uma tragédia que se soma aos mais de 40 por cento dos alunos que completam a quarta série do ensino fundamental sem saber ler direito e nem interpretar um texto, tampouco expor por escrito as suas ideias – analfabetismo funcional que no Maranhão é o maior do Brasil.
Hoje estamos em um beco sem saída, pois a governadora parece não se interessar e nem saber que a educação é reconhecida mundialmente, sem contestação, como a única forma de tirar estados da pobreza, assim como pessoas.
Basta recordar o fato de que no meu governo tive que colocar ensino médio em 157 municípios que Roseana não quis colocar em seus 8 anos de governo. Simplesmente não havia ensino médio nesses locais.
Com efeito, fica fácil entender por que temos a menor taxa de rendimento mensal domiciliar do país – apenas R$ 1.361,00. Lógico, pois a maioria da população não conseguiu completar nem o ensino fundamental. Desta forma, como poderiam ganhar mais? Tristeza maior por saber que o povo maranhense é trabalhador, esforçado e aprende rápido, se tiver como aprender.
E o pior é que não existe nenhum projeto, nenhum estudo, enfim, nada para que esse estado de coisas possa melhorar.
Portanto, é comum que, para preencher os melhores e mais exigentes postos de trabalho, as empresas, já instaladas aqui, vão em busca de pessoal de outros estados da própria região, melhores preparados, e os maranhenses, repito, ficam, em geral com os empregos de pior remuneração. E seria pior ainda se o SESI, o Cefet, e outras instituições profissionalizantes não fizessem a sua parte. Uma tragédia.
Mas tudo isso ainda pode piorar, pois agora com o SISU (Sistema de Seleção Unificada) do ENEM, as nossas universidades federais já estão tendo as suas vagas preenchidas por estudantes de outros estados que, ao não conseguirem vagas nas melhores escolas do sul e do sudeste e por tirarem notas melhores dos que os daqui, já que são melhor preparados, ocupam as vagas existentes aqui.
E sem compromissos com a nossa terra, quando formados a tendência é voltarem para as suas cidades de origem. E agora, Roseana?
Esse é um fato gravíssimo, mas se o sistema de educação do estado no ensino básico, fundamental e médio não melhorar, o estado não disporá de mão-de-obra qualificada, o que dificultará a atração de empresas para cá.
Pedro Fernandes, o novo secretário da Educação, é um homem inteligente e preparado, mas só agora é lembrado e certamente não vai contar com o apoio decidido do governo que, além de não ter interesse no assunto, só quer fazer propaganda tentando vender uma imagem totalmente descolada da realidade. Difícil, Pedro.
Por falar em propaganda, o governo pagou soma elevada para publicar um encarte na revista Valor, encartada no jornal Estado de São Paulo, tentando mostrar um Maranhão de sonho, progresso invejável conduzido pela governadora.
Mas como as estatísticas não podem ser mudadas, temos logo no início um quadro demonstrativo do PIB com os seguintes dados, ano a ano, de2004 a2009, comparando o crescimento do Maranhão e o Brasil: em 2004 o Maranhão cresceu 9 por cento e o Brasil, 5,7; em 2005, o Maranhão cresceu 7,3 e o Brasil, 3,2; em 2006 o estado cresceu 5,0 e o Brasil, 4; em 2007 o Maranhão cresceu 9,1 e o Brasil, 6,1; em 2008, cresceu 4,4 e o Brasil, 5,2; e em 2009 o Maranhão caiu 1,7 e o Brasil, 0,3.
Não dá para esconder.