O bispo Edir Macedo, líder religioso da Igreja Universal do Reino de Deus, prega uma mentira quanto afirma através dos meios de comunicação ligados à IURDE que em São Luís (MA) vendeu 10 mil exemplares do livro "Nada a perder (Editora Planeta- R$ 34,90).
O lançamento do livro na capital maranhense aconteceu na livraria Leituras, no Shopping da ilha, em 30 de outubro. Foi o vigésima quinta cidade no roteiro de lançamentos do primeiro volume da trilogia biográfica de Edir Macedo. Sem a presença do bispo, como tem ocorrido em outras cidades onde "Nada a perder", a obra foi autografada para o público apenas pelo coautor, Douglas Tavolato, vice-presidente de jornalismo da Rede Record.
No sábado passado, enquanto "Nada a perder" era autografado na Livraria Nobel no Shopping Metro Tatuapé, em São Paulo, as vendas na Leituras eram glaciais. Segundo informou uma caixa em treinamento do estabelecimento, por volta das 22 horas, apenas um exemplar de "Nada a perder" foi registrado no terminal de pagamento durante sua jornada de oito horas de trabalho.
A verdade emerge através de outras palavras. Segundo vendedora do local, parte dos livros foram distribuídos entre obreiros para posar para fotos já tradicionais nos locais de lançamento. Segundo o ensaio fotográfico as pessoas erguem os volumes sobre as cabeças como fariam com a Bíblias em tempos de oração.
Edir Macedo investe pesado na tentativa de colocar o livro na prateleira dos best-seller históricos no país. Na edição de número 1.073 do Folha Universal, doze páginas internas, além da capa e contracapa da edição do semanário são dedicadas a exaltar a obra e destacar suas vendas.
Edir Macedo investe pesado na tentativa de colocar o livro na prateleira dos best-seller históricos no país. Na edição de número 1.073 do Folha Universal, doze páginas internas, além da capa e contracapa da edição do semanário são dedicadas a exaltar a obra e destacar suas vendas.
Na primeira página o jornal com distribuição gratuita desde 1992 tem tiragem de 1.811.000, cerca de quatro vezes superior ao número de exemplares diários da Folha de S. Paulo, em torno de 350 mil.
Os números divulgado sobre as vendas em São Luís adubam desconfianças sobre a esplendorosa tiragem do periódico, mesmo sendo este gratuito.
Washington Oliveira cumprimenta o coautor de "Nada a perder" |
Não tendo nada a perder ou a fazer, o vice-governador do Estado do Maranhão, Washington Oliveira (PT), foi pegar seu volume autografado por Tavolaro. O petista recém derrotado na disputa pela prefeito de São Luís ainda no primeiro turno contribuiu para que a imprensa de Macedo (sem parentesco com o secretário de estado de comunicação, Sérgio Macedo) divulgasse que as vendas de "Nada a perder" superaram em muito outro marco de sucesso editoral na codinominada "Athenas Brasileira": o livro "Honoráveis bandidado (Editora Folha)", do jornalista Palmério Dória, que provocou estragos no Maranhão em 2010.
'Nada a Perder' vende 10 mil exemplares em São Luís e se torna o lançamento de maior sucesso do Maranhão, afirma a notícia do portal R 7. Para dar veracidade aos número, a reportagem relata que "Daniele Costa Rufino, 9 anos, e seu irmão Gabriel, 6, compraram dois exemplares do livro, para os pais." Um caso raro e ser estudado pelos sociólogos, considerando que a capital maranhense assiste desde o ano passado a fechamento de livrarias pressionadas pelas vendas fracas, tísicas mesmo, e há três anos tem sua principal e única biblioteca pública fechada para reforma.
Se todos copiassem os irmãos Rufino, por princípios aritméticos a venda de dez mil livros intuiria 5 mil pessoas. No interior da livraria e nas poucas dependências acessíveis do shopping que enfrenta problemas estruturais essa multidão é algo tão fantasioso quão os livros de George R. R. Martin, de As Crônicas de Gelo e Fogo. Como rastro do "sucesso de vendas" do primeiro volume da trilogia biográfica de Edir Macedo em São Luís ficaram encalhados os marcadores de leitura.
Para quem visita a recém inaugurada Leituras, é fácil contabilizar que no estabelecimento, o número de títulos em exposição e em estoque não visível, não alcança as vendas propaladas pela imprensa controlada por Edir Macedo. Festejada pelos colunistas sociais como centro irradiador de igual quilate à biblioteca de Alexandria na égide de Roseana Sarney. Eles exultam sobretudo o estoque de "Cinquenta tons de cinza" disponível aos leitores vorazes, incluindo o vice-governador do estado.