sábado, 28 de novembro de 2015

NAURO MACHADO (*2\08\1935 - 28\11\2015***********************

VELHO AMIGO POETA
Chico Maranhão
Velho amigo poeta, bom dia pra ti,
nesta manhã incerta, onde eu aprendi
que a vida é qualquer embarcação
sobre o mar da tormenta da paixão,
como vai o teu riacho de aluvião,
onde os barcos são pedras de carvão,
que acende assando o pão
da poesia irmão,
me conta como vão os teus pezinhos de romão,
e aquele mamoeiro macho sem razão,
que embaixo a seiva mata tuas
impingens com algodão…
Caro amigo poeta um beijo pra ti,
como vai meu colega, como vais aí?
como vai tua casa, teu clangor,
como vai tua paz interior,
como vai o teu porão de raro explendor,
onde um lenhador,
carpinteiro é dada a arrumação do fogo incendiador,
do rumo das caldeiras mortas do nosso motor,
senhor dos parreirais de brasa e de calor,
amigo, irmão, papai, pequena lágrima de amor…
Como vai teu filho, teu querido filho,
teu retrato de criança, ramo dum buquê da infância,
a rolar pelo capim, a correr pelo capim, a brincar
pelo capim.
Me conta de lá,
dos teus rios onde as margens correm pra beber,
me conta de lá,
dos teus mares onde as ondas são de cabarés,
me conta de lá,
dos teus olhos onde as covas são da viuvês…
me conta de lá,
das pitangas do ingá,
do cupim, da mambira do camurupim
da guariba do papa-capim,
dos garités…
das travessias que não davam pé.
Como vão os torqueses de nervos à cata do coração?
Como vão as toalhas de mesa dos fins de conversas
da Viana Vaz?
Como vai nosso sonho de linho, gomado a ferro
morno, um tostãozinho?
como vão as sandálias que calças com arte,
fivela pra fora da parte
da perna da calça, a única causa que tens no chão.