"Uma provável e legítima
candidatura do PSB ao Palácio do Planalto é um problema maior para o
PSDB"
JOSÉ DIRCEU
Se comprado apenas pelo que diz para divulgação, até que Lula parece bonzinho quando quer. Lula quis parecer bonzinho em Fortaleza, na semana passada, ao responder perguntas sobre a hipótese de o PSB lançar Eduardo Campos, atual governador de Pernambuco, para concorrer à sucessão de Dilma em 2014. "Não podemos impedir as pessoas de fazerem o que é do interesse dos partidos" disse Lula, o cordato.
E FOI ADIANTE: "Defendo a liberdade incondicional de cada partido de fazer o que bem entenda. Se não fosse assim, o PT não teria chegado à Presidência da República" Por fim, elogiou o próprio Eduardo: "Ele é uma personalidade que pode desejar qualquer coisa que quiser neste país" Eduardo apoiou Lula na maioria das eleições presidenciais disputadas por ele. Lula só apoiou Eduardo para que ele se reelegesse governador.
NO ANO PASSADO, Lula e Eduardo haviam combinado que o deputado Maurício Kands (PT) seria o candidato dos dois a prefeito de Recife. O PT controlava a prefeitura há 12 anos. Um dia, Eduardo soube que Lula anunciaria a candidatura a prefeito do senador Humberto Costa (PT). Foi nessa ocasião que a boa relação entre os dois começou a ir para o buraco. Eduardo isolou o PT e elegeu um prefeito do PSB.
DESDE ENTÃO, ele e Lula nunca mais se viram ou se falaram. A Dilma, recentemente, Eduardo revelou que somente no próximo ano o PSB se posicionará sobre a eleição presidencial. Adiantou que o partido tende a disputar a eleição com candidato próprio, mas que não poderia garantir que o fará. Dilma renovou seu desejo de contar com o apoio do PSB - no primeiro ou em um eventual segundo turno.
DE LÁ PARA cá, tudo desandou sob a condução do presidente emérito. Lula apertou os irmãos Gomes (Cid, governador do Ceará, e Ciro) para que ameaçassem abandonar o PSB. Sem candidato forte ao governo de Pernambuco, o PT acenou para Fernando Bezerra Coelho, Ministro da Integração Nacional por indicação de Eduardo. Fernando lançou uma nota de quatro magras linhas negando os acenos.
EDUARDO SABE que Fernando quer suceder-lhe. E que, para isso, será acolhido pelo PT. Em 1986, então secretário de estado do governo Roberto Magalhães (PDS), Fernando largou o cargo para apoiar Arraes, candidato a governador pelo PSB. Em 2002, mudou- se para o PMDB é apoiou Jarbas Vasconcelos, que quatro anos antes derrotara Arraes. Finalmente, em 2006, voltou ao PSB para apoiar Eduardo, que se elegeu governador.
A OFENSIVA DO PT contra Eduardo põe em risco duas condições essenciais à consolidação da candidatura dele a presidente: a unidade do PSB e a unidade das principais correntes políticas de Pernambuco. Caso Fernando acabe no PT para disputar o governo, sua candidatura subtrairá parte da força da ampla coligação partidária que sustenta a ambição presidencial de Eduardo. Lula sabe disso. E por saber...
MARINA SILVA será candidata a presidente? Ela não é da base de apoio a Dilma. Não lhe tira votos. Eduardo é da base de apoio e tira votos de Dilma. De resto, desmancha o cenário considerado ideal por Lula para que ele ganhe outra vez: PT, apoiado por um monte de partidos x PSDB quase só. Eduardo deixaria a base do governo na companhia de outros partidos. Nenhum partido parece disposto a trocar Dilma por Aécio.
EDUARDO METE muito medo no PT. A pecha de direitista, privatista e anti-Lula não gruda nele. É preciso, portanto, sufocá-lo logo de saída. Todas as armas serão usadas para isso.
JOSÉ DIRCEU
Se comprado apenas pelo que diz para divulgação, até que Lula parece bonzinho quando quer. Lula quis parecer bonzinho em Fortaleza, na semana passada, ao responder perguntas sobre a hipótese de o PSB lançar Eduardo Campos, atual governador de Pernambuco, para concorrer à sucessão de Dilma em 2014. "Não podemos impedir as pessoas de fazerem o que é do interesse dos partidos" disse Lula, o cordato.
E FOI ADIANTE: "Defendo a liberdade incondicional de cada partido de fazer o que bem entenda. Se não fosse assim, o PT não teria chegado à Presidência da República" Por fim, elogiou o próprio Eduardo: "Ele é uma personalidade que pode desejar qualquer coisa que quiser neste país" Eduardo apoiou Lula na maioria das eleições presidenciais disputadas por ele. Lula só apoiou Eduardo para que ele se reelegesse governador.
NO ANO PASSADO, Lula e Eduardo haviam combinado que o deputado Maurício Kands (PT) seria o candidato dos dois a prefeito de Recife. O PT controlava a prefeitura há 12 anos. Um dia, Eduardo soube que Lula anunciaria a candidatura a prefeito do senador Humberto Costa (PT). Foi nessa ocasião que a boa relação entre os dois começou a ir para o buraco. Eduardo isolou o PT e elegeu um prefeito do PSB.
DESDE ENTÃO, ele e Lula nunca mais se viram ou se falaram. A Dilma, recentemente, Eduardo revelou que somente no próximo ano o PSB se posicionará sobre a eleição presidencial. Adiantou que o partido tende a disputar a eleição com candidato próprio, mas que não poderia garantir que o fará. Dilma renovou seu desejo de contar com o apoio do PSB - no primeiro ou em um eventual segundo turno.
DE LÁ PARA cá, tudo desandou sob a condução do presidente emérito. Lula apertou os irmãos Gomes (Cid, governador do Ceará, e Ciro) para que ameaçassem abandonar o PSB. Sem candidato forte ao governo de Pernambuco, o PT acenou para Fernando Bezerra Coelho, Ministro da Integração Nacional por indicação de Eduardo. Fernando lançou uma nota de quatro magras linhas negando os acenos.
EDUARDO SABE que Fernando quer suceder-lhe. E que, para isso, será acolhido pelo PT. Em 1986, então secretário de estado do governo Roberto Magalhães (PDS), Fernando largou o cargo para apoiar Arraes, candidato a governador pelo PSB. Em 2002, mudou- se para o PMDB é apoiou Jarbas Vasconcelos, que quatro anos antes derrotara Arraes. Finalmente, em 2006, voltou ao PSB para apoiar Eduardo, que se elegeu governador.
A OFENSIVA DO PT contra Eduardo põe em risco duas condições essenciais à consolidação da candidatura dele a presidente: a unidade do PSB e a unidade das principais correntes políticas de Pernambuco. Caso Fernando acabe no PT para disputar o governo, sua candidatura subtrairá parte da força da ampla coligação partidária que sustenta a ambição presidencial de Eduardo. Lula sabe disso. E por saber...
MARINA SILVA será candidata a presidente? Ela não é da base de apoio a Dilma. Não lhe tira votos. Eduardo é da base de apoio e tira votos de Dilma. De resto, desmancha o cenário considerado ideal por Lula para que ele ganhe outra vez: PT, apoiado por um monte de partidos x PSDB quase só. Eduardo deixaria a base do governo na companhia de outros partidos. Nenhum partido parece disposto a trocar Dilma por Aécio.
EDUARDO METE muito medo no PT. A pecha de direitista, privatista e anti-Lula não gruda nele. É preciso, portanto, sufocá-lo logo de saída. Todas as armas serão usadas para isso.