Um repórter do jornal "Gazeta do Povo", de Curitiba, está sob proteção e
deverá deixar o país em razão de ameaças recebidas após publicação de denúncias
contra policiais civis do Paraná.
Ligações feitas anteontem à Redação e aos diretores do jornal informaram que
havia um plano para metralhar a casa do profissional que coordena a série de
reportagens, Mauri König, 46. Os proprietários da empresa também foram
ameaçados.
König, repórter há 22 anos e vencedor de dois prêmios Esso Regional Sul, está
sob proteção de seguranças e deixará o país nesta semana.
Os outros três jornalistas responsáveis pela publicação -Felippe Aníbal,
Diego Ribeiro e Albari Rosa- também estão sob proteção.
O Gaeco, grupo formado por policiais e promotores que combatem o crime
organizado, investiga o caso. O governo do Paraná declarou estar à disposição do
jornal.
A série "Polícia Fora da Lei", publicada em maio, denunciou o mau uso de
verba pública por policiais, entre outras irregularidades. O material foi
finalista do Prêmio Esso Regional Sul deste ano.
Anteontem, uma sequência da série foi publicada, informando que as
investigações estão paradas.
"Em maio, alguns policiais usaram um blog para postar ameaças contra nós",
disse König à Folha. "Agora é mais grave. É uma ameaça extensiva à minha
família", disse ele, que também é diretor da Abraji (Associação Brasileira de
Jornalismo Investigativo).
Anteontem, o conselho da Polícia Civil rebateu a notícia, disse que as
denúncias estão sob investigação e fez críticas à "Gazeta do Povo".
A Secretaria da Segurança Pública declarou que "não permitirá qualquer forma
de ataque aos jornalistas que cumprem com seriedade e dedicação as funções que
abraçaram".
Da Folha