De volta ao posto de presidente da República 22 anos após o fim do seu mandato,
José Sarney foi recebido de forma carinhosa. A ministra da Cultura, Martha
Suplicy, entregou-lhe um buquê de flores e, em telefonema diretamente de Moscou,
na Rússia, a presidente, Dilma Rousseff, lhe disse que se sentia feliz com o
fato de ele estar usando a sua sala. Sarney ocupa interinamente o cargo até
sábado, quando Dilma volta de viagem. Como o vice-presidente, Michel Temer, e o
presidente da Câmara, Marco Maia, também estão fora do país, restou ao
presidente do Senado assumir o comando do Palácio do Planalto.
Na agenda, muitas visitas. Pela manhã, Sarney
recebeu o general do Exército José Elito de Carvalho e, em seguida, o senador
Francisco Dornelles (PP-RJ). Mais tarde, o encontro foi com Martha Suplicy e os
senadores Eunício Oliveira (PMDB-CE), Eduardo Braga (PMDB-AM), Renan Calheiros
(PMDB-AL), Walter Pinheiro (PT-BA), Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) e a
deputada Marina Raupp (PMDB-RO). Há quem diga que os três dias como presidente
seriam uma maneira de Dilma se aproximar do presidente do Senado para tê-lo ao seu
lado na questão dos royalties. O Congresso está em chamas com a apreciação dos
vetos da presidente à Lei dos Royalties, que estabelece a divisão das riquezas do
pretróleo.
Aos que ainda guardam na lembrança os índices da economia e do desemprego no
tempo em que Sarney era presidente, um alento: apenas cumprindo a exigência
constitucional, ele não pretende assinar ou despachar nenhum documento.
(Marcela Mattos, de Brasília)