No
debate de hoje da TV Mirante (Globo), seis candidatos apresentam suas propostas
e certamente confrontarão posturas e trajetórias políticas que intensionamente
deverão esclarecer parte do eleitorado que decide seu voto pela avaliação das
candidaturas. Embora, a televisão não seja tão ideal para isso, é ainda o
meio mais usual. Pelo menos de acesso universalizado.
São
seis biografias diferentes. João Castelo (PSDB) é prefeito e quer ficar. Diz
que para continuar seu trabalho. Há controvérsias. Menos da metade acha que
não é bem assim. Tadeu Palácio (PP) desembarcou da nau sarneysta onde esteve
de passagem e fez uma campanha de um alvo só: Castelo. Como coisa que a oligarquia nunca tivesse existido e aqui ter seu castelo. Inclusive o adversário veio de lá. Apostou tudo nisso para voltar. Conta a piada que quando passava na Praia Grande e via VLT mas exergava Volta Logo Tadeu.
Castelo
e Tadeu Palácio estiveram no mesmo lugar. Foram governo. Mais recentemente,
ambos na prefeitura de São Luís. Cada um com seu desastre, aflitando a
população com mais erros do que acertos. Na campanha, Tadeu Palácio avocou o
tempo todo o passado. Foi condenado a despencar da opção do eleitorado. Castelo
jogou tudo para o futuro. Também, tinha pouco para dizer do passado visto
agora. Apesar de toda a maquiagem feita de três meses para cá.
Washington
Oliveira (PT) botou cinco na foto. Passou o tempo dizendo: eu e Lula, eu e Roseana,
eu e Dilma. Tem histórico com os companheiros, defende a aliança com o PMBD de
Sarney no Maranhão como necessária para adiantar a população do estado. Em 2010
o selo da aliança deu a ele a vice-governadoria. Este ano esbarrou na rejeição
de parte do eleitorado que rejeita a oligarquia. E olha que não são poucos.
Conta a lenda que Washington dançava "lá vai o bicho...", num salão
do Sofitel no reveillon quando um colunista gritou: ele vai ser o nosso (deles)
prefeito!. Foi um alvoroço derramando champanhe. Tudo pago pelo erário. Temos a
força de Lula!, disseram afoitos petistas.
Eliziane
Gama (PPS) é uma parlamentar que tem caminhado com retidão. Tem no álbum uma
foto com Roseana num santo apoio que lembra Silvio Santos aos domingos, com
direito aquele checão e tudo. Nada, que a condene no passado. Puxou a questão
do gênero, mas está gasto. Por fim, se saiu bem na disputa. Sozinha foi firme.
Só não respondeu para Marcos Silva porque aceitava receber 18 salários por ano
na Assembleia Legislativa.
Edivaldo
Holanda Jr. (PTC). veio com a mesma ladainha do eu e Dilma, confessando ser obediente
à maioria que governa, emblematizada na questão do salário mínimo menor.
Insistiu em ser cara nova, com dois mandatos como vereador e um de deputado
federal. Muito para pouco. Com a missão de representar Flávio Dino (PCdoB) na
Prefeitura de São Luís. Por fim, resolveu dar passos meio tímidos na mensagem
tudo novo de novo.
Marcos
Silva (PT) manteve a bandeira da luta pelo proletariado no alto. Contribuiu
participando de debates e ficou de fora por estar no jogo pela legislação e
pela norma da Globo, que acha que são seis só que representam. Não quis ficar repetindo só a luta muda a vida. Para alguns, amadureceu. Ou arrefeceu. Diria ele: jamais. Bordunou o
candidato do PRTB, um partido que disse ter uma tijolinho no classificado:
vende-se ou aluga-se. Isso ficou evidente com o passar do tempo quando Edinaldo
Neves fez jus ao sobrenome.
Já
Haroldo Saboia é o candidato das eleições a prefeito de São Luís deste ano com
biografia mais recomendada para assumir a gestão da cidade de 400 anos. Não
somente sua história política, coerente sempre à esquerda, sobretudo seu
preparo intelectual e de envolvimento direto com as questões populares. À uma
geração que tem na memória a fase negra da ditadura, Haroldo é referência de opção
pela luta travada no campo política, defendendo direitos humanos básicos.São
registros que entraram para a história como a luta pela meia-passagem, pela
moradia, depois pelo voto aos 16 anos, pelo avanço na carta constitucional de
88 e no mandato de vereador autor do projeto que divide a cidade em regiões
administrativas. Carregou a bandeira contra a homofobia com a coligação
"São Luís, o caminho é pela esquerda" (PSOL-PCB)
Foram
propostas apresentadas por Haroldo Saboia durante essa campanha de debates de
poucos temas sem aprofundamento algum. Nem a política foi sucitada. Daí pouca
clareza para fazer comparativos.
À
moda antiga promessas risíveis, tiradas de cartola com cheiro de mofo, como do
ar condicionado em todos os ônibus, gps para localizar o transporte público,
veículo leve como uma miragem, e as já enjoadas escolas em tempo integral forma
apresentadas com toda sisudez, serviu para crescer a descrença do eleito no
gestor e representante.
Acho
que ignorando os anexos, as dificuldades financeiras alegadas quando a obra
empaca como muitas que se arrastam ao longo das gestões, a distância lunar da
realidade e a relação promíscua com o capital das empresas que irrigam
campanhas.
Abafado
pela disputa desigual entre recursos de toda ordem, Haroldo não pode puxar a
discussão de temas mais amplos, pela urgência das circunstâncias. Pouco tempo e
sabedor das implicações de campanhas milionárias - como no enredo Mensalão, os
condenados - desde o início ele levantou a questão da poluição das praias.
Aproveitou a chance para mostrar a barbárie nas UPAS do governo que barravam
ambulâncias da SAMU do município.
Foi
para as ruas, não dando ouvidos aos que pensam que eleitor tem consciência
surda. Não se fez de rogado em participar de nenhum debate. Via assim chance da
comparação de propostas e sentido político.
Afinal,
a administração tem sentido político. Justamente nesse sentido Haroldo Saboia é
de longe o mais preparado para mudar o rumo da cidade. Nem diante da disputa
covarde entre propostas e preparo versus recursos e apoio vergonhoso das
máquinas administrativas Haroldo se intimidou. Continuou seu caminho no vinco
da esquerda. Não claudicou, manteve sua biografia que certamente não perfeita, mas não mácula, principalmente da corrupção, esse mal maior. Só isso já o credencia para ser prefeito de São Luís, na intenção de mudar para melhor.