quinta-feira, 4 de outubro de 2012

VOTO PÚBLICO - HAROLDO SABOIA 50


 
 

    No debate de hoje da TV Mirante (Globo), seis candidatos apresentam suas propostas e certamente confrontarão posturas e trajetórias políticas que intensionamente deverão esclarecer parte do eleitorado que decide seu voto pela avaliação das candidaturas. Embora, a televisão não seja tão ideal para isso, é ainda o meio mais usual. Pelo menos de acesso universalizado.
    São seis biografias diferentes. João Castelo (PSDB) é prefeito e quer ficar. Diz que para continuar seu trabalho. Há controvérsias. Menos da metade acha que não é bem assim. Tadeu Palácio (PP) desembarcou da nau sarneysta onde esteve de passagem e fez uma campanha de um alvo só: Castelo. Como coisa que a oligarquia nunca tivesse existido e aqui ter seu castelo. Inclusive o adversário veio de lá. Apostou tudo nisso para voltar. Conta a piada que quando passava na Praia Grande e via VLT mas exergava Volta Logo Tadeu.
    Castelo e Tadeu Palácio estiveram no mesmo lugar. Foram governo. Mais recentemente, ambos na prefeitura de São Luís. Cada um com seu desastre, aflitando a população com mais erros do que acertos. Na campanha, Tadeu Palácio avocou o tempo todo o passado. Foi condenado a despencar da opção do eleitorado. Castelo jogou tudo para o futuro. Também, tinha pouco para dizer do passado visto agora. Apesar de toda a maquiagem feita de três meses para cá.
    Washington Oliveira (PT) botou cinco na foto. Passou o tempo dizendo: eu e Lula, eu e Roseana, eu e Dilma. Tem histórico com os companheiros, defende a aliança com o PMBD de Sarney no Maranhão como necessária para adiantar a população do estado. Em 2010 o selo da aliança deu a ele a vice-governadoria. Este ano esbarrou na rejeição de parte do eleitorado que rejeita a oligarquia. E olha que não são poucos. Conta a lenda que Washington dançava "lá vai o bicho...", num salão do Sofitel no reveillon quando um colunista gritou: ele vai ser o nosso (deles) prefeito!. Foi um alvoroço derramando champanhe. Tudo pago pelo erário. Temos a força de Lula!, disseram afoitos petistas.
    Eliziane Gama (PPS) é uma parlamentar que tem caminhado com retidão. Tem no álbum uma foto com Roseana num santo apoio que lembra Silvio Santos aos domingos, com direito aquele checão e tudo. Nada, que a condene no passado. Puxou a questão do gênero, mas está gasto. Por fim, se saiu bem na disputa. Sozinha foi firme. Só não respondeu para Marcos Silva porque aceitava receber 18 salários por ano na Assembleia Legislativa.
    Edivaldo Holanda Jr. (PTC). veio com a mesma ladainha do eu e Dilma, confessando ser obediente à maioria que governa, emblematizada na questão do salário mínimo menor. Insistiu em ser cara nova, com dois mandatos como vereador e um de deputado federal. Muito para pouco. Com a missão de representar Flávio Dino (PCdoB) na Prefeitura de São Luís. Por fim, resolveu dar passos meio tímidos na mensagem tudo novo de novo.
    Marcos Silva (PT) manteve a bandeira da luta pelo proletariado no alto. Contribuiu participando de debates e ficou de fora por estar no jogo pela legislação e pela norma da Globo, que acha que são seis só que representam. Não quis ficar repetindo só a luta muda a vida. Para alguns, amadureceu. Ou arrefeceu. Diria ele: jamais. Bordunou o candidato do PRTB, um partido que disse ter uma tijolinho no classificado: vende-se ou aluga-se. Isso ficou evidente com o passar do tempo quando Edinaldo Neves fez jus ao sobrenome.
    Já Haroldo Saboia é o candidato das eleições a prefeito de São Luís deste ano com biografia mais recomendada para assumir a gestão da cidade de 400 anos. Não somente sua história política, coerente sempre à esquerda, sobretudo seu preparo intelectual e de envolvimento direto com as questões populares. À uma geração que tem na memória a fase negra da ditadura, Haroldo é referência de opção pela luta travada no campo política, defendendo direitos humanos básicos.São registros que entraram para a história como a luta pela meia-passagem, pela moradia, depois pelo voto aos 16 anos, pelo avanço na carta constitucional de 88 e no mandato de vereador autor do projeto que divide a cidade em regiões administrativas. Carregou a bandeira contra a homofobia com a coligação "São Luís, o caminho é pela esquerda" (PSOL-PCB)
    Foram propostas apresentadas por Haroldo Saboia durante essa campanha de debates de poucos temas sem aprofundamento algum. Nem a política foi sucitada. Daí pouca clareza para fazer comparativos.
    À moda antiga promessas risíveis, tiradas de cartola com cheiro de mofo, como do ar condicionado em todos os ônibus, gps para localizar o transporte público, veículo leve como uma miragem, e as já enjoadas escolas em tempo integral forma apresentadas com toda sisudez, serviu para crescer a descrença do eleito no gestor e representante.
    Acho que ignorando os anexos, as dificuldades financeiras alegadas quando a obra empaca como muitas que se arrastam ao longo das gestões, a distância lunar da realidade e a relação promíscua com o capital das empresas que irrigam campanhas.
    Abafado pela disputa desigual entre recursos de toda ordem, Haroldo não pode puxar a discussão de temas mais amplos, pela urgência das circunstâncias. Pouco tempo e sabedor das implicações de campanhas milionárias - como no enredo Mensalão, os condenados - desde o início ele levantou a questão da poluição das praias. Aproveitou a chance para mostrar a barbárie nas UPAS do governo que barravam ambulâncias da SAMU do município.
    Foi para as ruas, não dando ouvidos aos que pensam que eleitor tem consciência surda. Não se fez de rogado em participar de nenhum debate. Via assim chance da comparação de propostas e sentido político.
    Afinal, a administração tem sentido político. Justamente nesse sentido Haroldo Saboia é de longe o mais preparado para mudar o rumo da cidade. Nem diante da disputa covarde entre propostas e preparo versus recursos e apoio vergonhoso das máquinas administrativas Haroldo se intimidou. Continuou seu caminho no vinco da esquerda. Não claudicou, manteve sua biografia que certamente não perfeita, mas não mácula, principalmente da corrupção, esse mal maior. Só isso já o credencia para ser prefeito de São Luís, na intenção de mudar para melhor.