A pobreza de conteúdo da campanha eleitoral em São Luís (MA) evidenciou-se no debate promovido pelo Sistema Difusora de Comunicação, da família do senador e ministro das Minas e Energia , Edison Lobão (PMDB). Após o segundo confronto na mídia
entre os candidatos a prefeito da capital neste segundo turno, o eleitor
manteve a parcial desinformação sobre as propostas dos candidatos que se esperava serem apresentadas durante uma hora e meia de programa.
Em imperioso
tom beligerante, o tema principal do confronto entre o prefeito João Castelo (PSDB) e o
deputado federal Edivaldo Holanda Júnior (PTC) pela conquista do mandato de prefeito da gestão 2013-2016 acabou sendo o vídeo
postado no youtube sobre o que o tucano chamou de formação de "milícia" pelos correligionários militares do adversário. Renitente até a náusea, o tema vídeo-milícia superou questões fundamentais para a cidade como desemprego da juventude, violência,etc, etc,etc.
Mediado pelo jornalista Gilmar Correa, diretor de jornalismo do Sistema dos Lobão, o debate numa mesa redonda fez com que os candidatos fossem vistos de perfil físico na maior parte do tempo. O primeiro bloco terminou
com Castelo chamando Edivaldo Holanda de cínico e o consequente primeiro pedido de resposta. Ao longo do debate foram concedidos dois a cada um dos contendores. As perguntas da rua puxaram os candidatos para a realidade paupável. O jornalista Paulo Pelegrini propagandeou o governo do estado no preâmbulo da pergunta sobre orçamento municipal e obras de vulto.
No intervalo do primeiro bloco Paulinho Lobão, mulher do senador Lobão Filho (PMDB), aproveitou
para vender seu CD autoral puxado por músicas como “Cabelo ao vento”. Com uma câmera focada na direção de Castelo, a mão de Edvaldo passeava pelo vídeo durante a abertura do segundo
bloco. Exagerado, o apresentador tratou Castelo pelo tratamento de doutor.
Das ruas emergiu o problema de saúde gerado pelo abandono das feiras da cidade. Na resposta sobre as feiras, Castelo se apropriou da obra da Cohab feita na gestão Tadeu Palácio (2002-2007). Escondeu que competiu a ele a tarefa previsível de transferir os
comerciantes para o interior do estabelecimento.
No intervalo do segundo para o terceiro bloco a Telecena
de Silvio Santos mais pareceu uma inserção de candidatos a prefeito de São Luís. “Ele aparece como bom moço, como santinho”, ironizou Castelo
no primeiro direito de resposta.
Nesse bloco a questão da violência foi tratada de raspão. Castelo deu resposta ao cidadão, afirmando ter ajuda na segurança com a Secretaria de Segurança
Cidadã. A realidade, porém, comprova o contrário: no final de semana um guarda municipal que se encontra foragido feriu
uma mulher grávida em discussão em um bar com arma de fogo. Edivaldo apresentou
a proposta de ampliar o efetivo de 400 para 1200 guardas. Castelo afirma que a
prefeitura está no limite da responsabilidade fiscal, impedimento para aumentar
o número da Guarda.
Dos poucos temas tratados ao longo da campanha para prefeito, as creches ganharam parte do terceiro bloco. Castelo afirmou que "está assinando" convênios para construção 37
creches, três delas já iniciadas, através do Brasil Carinhoso. Poupou a administração de Tadeu Palácio de não ter feito creches por falta de recursos, e exaltou o programa do Governo Federal na parceria de fato, "não de foto", segundo a frase de efeito de campanha.
No rebote, Edivaldo aproveitou para denunciar a devolução de recursos de creches nos bairros do Jardim Tropical, Vila
Nova e Vila Sarney. Fez uma ressalva à administração de Tadeu
Palácio que não fez creches por falta de recursos, só agora possível com o
programa do Governo Federal. Como principal tema da campanha em primeiro e segundo turnos, a
mobilidade urbana fechou o terceiro bloco.
"O Castelo parece que está surdo", insistiu Holanda na enésima explicação sobre o vídeo, ensejando um quadro da "Praça é Nossa" do SBT protagonizado por Castelo que encerrou o debate insistindo no suposto preconceito de Edivaldo sobre o uso de prótese pelo prefeito. Por esse detalhe pode-se concluir que houve um diálogo de surdos ou de moucos para a voz das ruas.