Um cavalo vermelho trota numa avenida quase deserta de carros. Seu cavaleiro tem o rosto semicoberto por uma máscara de ferro, remetendo ao canibal de Anthony Hopkins. Enverga uma farda verde oliva. A imagem real, exibida em vídeo, transcende o real. Inverte e instiga os sentidos. Como se o imaginário coletivo estivesse se materializando através da arte. afinal, não poucos pensam cavalos de outras cores. Sobre a figura ensimesmada, fica a cargo das infinitas interpretações estéticas e psicológicas, inclusive aludindo a conceitos freudianos.
Em uma outra sala, imagens capturados do mais frugal cotidiano, como a lavagem de um carro, projeta um universo particular.Edição de postagens despretensiosas no youtube de blogueiros belenenses emolduram uma outra realidade. Gravuras de um andarilho que vende talhas de melancia em uma sala em penumbra e despretensiosamente explica o processo de reprodução dos trabalhos misturam a crua realidade a característica trânsfuga que a arte carrega consigo. Há ainda o cafofo, provocando fobias ao mesmo tempo que aguçando a inerente curiosidade humana.
Monitores e instalações co-habitando com telas recostadas na parede e em clássico chassi, dependurada também de maneira clássica, desmantelam a ideia de que o contemporâneo irrefutavelmente espana o passado.
Enfim, são trabalhos do 31º Arte Pará, que desde a abertura questiona o futuro da pintura e dialética da arte. O salão organizado pela Fundação Rômula Maiorana, foi aberto na noite de quinta-feira,11, no Museu Histórico de Arte do Pará, no bairro Cidade Velha. Nesta edição participam 25 artistas, entre convidados e premiados, do país. O grande prêmio ficou com o Grupo Empreza, de Goiânia, no valor de R$ 20 mil.
As artistas plásticas Bia Medeiros e Alice Lara, as duas de Brasília; e Pedro David, de Nova Lima (MG) ganharam o prêmio especial (R$ 5 mil cada). A grande homenageada este ano foi a repórter fotográfica Paula Sampaio.
O assunto contaminou as palestras entre artistas e críticos de arte, estudiosos e curiosos que visitaram nesses dois primeiros dias a exposição. Bem resumiu o governador do Pará, Simão Jatene (PSDB): "A história não começa quando a gente chega e nem termina quando a gente sai".
Artistas selecionados:
Grupo Empreza - Grande prêmio
Alice Lara - Prêmio especial
Corpos informativos - Prêmio especial
Pedro David- Prêmio especial
Alexandre Paes
Andre Teravama
Camila Soatoi
Chico Fernandes
Danielle Fonseca
Emanuel Monteiro
Emídio Contente
Gidavan Tavares
Jorge Soledar
Paulo Sampaio
Pedro de Pietro
Raquel Versieux
Renan Teles
Sávio Stoco
Sérgio Bonuera/Luciana Chira
Sidney Amaral
Teodoro Negrão
Thuiago Castanho/Sérgio Coimbra
Victor de La Roque
Victor Garêz
Yara Pina
Artistas convidados
Alberto Bitar
Berna Reale
Delson Uchôa
Guy Veloso
Jorane Castroi
Rodrigo Braga
Paula Sampaio
Paulo Nazareth
Período de exposição: 11 de outubro a 11 de dezembro
