O senhor acredita que a presidente vai acabar mesmo com o toma lá dá cá?
Não acredito. Pode até melhorar um pouco, mas acabar não. O que não pode mais, e a presidente está sinalizando nessa direção, é os caras colocarem interesses pessoais acima dos interesses da pátria e da sociedade. É difícil mudar essa prática de uma só vez. Fazer isso exige mais jogo de cintura. A Dilma não pode ser durona, bater na mesa. Vejo-a dizendo que se entende muito com o presidente do Congresso, o senador Sarney. A primeira pessoa a quem ela deveria fazer uma apelo é o Sarney. Ele indicou dois ministros do Maranhão. Onde está a racionalidade de ele e o PMDB, o meu partido, terem dois ministros do Maranhão?
Por que Sarney abririra mão de poder?
O Rui Barbosa é o nosso grande patrono no Senado, mas como político foi um homem de derrotas. Perdeu duas vezes a eleição para Presidente da República e não tinha influência no governo. Quem mandava e elegia presidente era o (José Gomes)Pinheiro Machado (gaúcho e um dos mais influentes políticos da Primeira República, foi assassinado em 1915), de quem hoje ninguém fala. O Sarney está mais para Pinheiro Machado do que para Rui Barbosa. Vai acabar esquecido pela história.
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O senhor elogia o governo e critica o ministério. Não é contraditório?
O ministério é fraco, um dos piores que já vi. Antes, colocavam-se no ministério os melhores nomes do Parlamento. Hoje, o ministério consegue ser pior do que a média do Parlamento, que beira a mediocridade. No esforço de eleger Dilma Rousseff presidente, valeu tudo. O Lula fez acordo aqui e ali, e houve uma despreocupação com relação à seleção de nomes. Houve também irresponsabilidade dos partidos na indicação dos ministros. O PMDB indicou um rapaz que tinha pago conta de motel com dinheiro público.Aliás, o PMDB não. Volta e meia se publica que a bancada do Senado exige algo para o ministério. Mentira. Nunca nos reunimos para escolher um cargo. Essa decisão foi tomada pelo presidente do Senado e pelo líder da bancada falando em nome de todo mundo.