sexta-feira, 6 de abril de 2012

Museu de Tudo: Cecílio Sá, a paixão pelo teatro da Paixão de Cristo

 O alcantarense Cecílio Ignacio Sá (1913-2005) deixou seu nome inscrito na história do teatro maranhense. Estreou em cena na peça "O Natal no sertão", quando tinha 17 anos.
    Marceneiro e músico formado pela Escola de aprenizes Artífices, Cecílio Sá foi ator, teatrólogo, produtor teatral, cenógrafo. Seu gosto pelo teatro nasceu na torrinha do Teatro Arthur Azevedo, onde tinha acesso por conhecer o porteiro, e o Teatro São José, que funcionava ao lado da Igreja do Carmo.
    Mais tarde, com os amigos Leandro Moraes, Miguel fundaram o Teatro Atheniense, mesmo nome do grupo teatro. Em 1932 o grupo montou pela primeira vez a Paixão de Cristo, montada sob orientação de Manoel Pinto da Costa.
    Na década de 40 encenou a Paixão de Cristo em Caxias com um elenco reduzido de 16 pessoas e uma banda de músicos do lugar comandada por Josias Beleza.Quase todas as músicas das peças encenadas por Cecílio Sá era do pessoal do Maranhão ou adaptações.
    Fazer teatro nessa época, em plena década de 50 quando minguaram as companhia,  era uma luta. A pauta do Teatro Arthur Azevedo, na época arrendado para Isidoro Aguiar para transformá-lo em cinema, não tinha espaço para teatro amador. Foi preciso muita batalha, com José Brasil dando entrevista no país para que o teatro desse espaço para o teatro.  Após a vesperal o espetáculo era montado, ensaiado e apresentado. Em um dia da semana, apenas.
    Mas, sua maior paixão foi montar o espetáculo Paixão de Cristo. Das montagens guardou peças utilizadas em cena em um museu particular que montou em uma pequena casa, como último desejo do seu sonho de ser teatrólogo.

Peças:
1931- O natal no Sertão, escrita por Bibi Geraldino
1931- Matutos em Belém, de Bibi Geraldino
1932 - Paixão de Cristo, de Pinto da Costa
1932 - Moleque da Pensão, de Pinto da Costa
1932 - Coração quando começa alvorecer, de Cardozinho
1932- Menino-Rei, Pinto da Costa
1935 - O Mártir do Calvário, de Eduardo Garrido (Peça em versos)
1953- Testa de Ferro, de Raimundo Magalhães Júnior
1961- Rei dos Judeus, de Perez Eschrich
1968- Rabi de Nazaré
A vida em três andares, de Humberto Cunha
Lady Godiva, de Guilherme Figueiredo
Amor por Anexis, de Athur Azevedo
Deus fez, o Diabo os Pinta", de Raimundo Mendes

"Meu teatro era de brincadeira, de diversão, de recreio que eu faço",
Cecílio Sá em "Memória de Velhos" (Lithograf- 1997)