Uma exposição em duas salas no Museu de Arte de Belém, MABE, ressuscita a figura lendária de um maranhense: Antonio José de Lemos - A Ressignificação do Mito (1913-2013). Nascido em São Luís, Lemos foi administrador (intendente) da cidade de Belém do Pará por 14 anos. Neste período, entre o final do século XIX e início do século XX, transformou a cidade e suja em uma das mais aprazíveis aos “olhos do mundo”, como o destaca a historiadora Maria José Sarges.
Antonio Lemos só tinha o ensino médio, concluído no Liceu. É reconhecido como o melhor administrador da
historia de quase 4 quatro séculos de Belém. Usufrui a posição de insuperável
urbanizador da cidade.
Um outro maranhense, Humberto de Campos, foi um dos seus principais auxiliares, se
espantava . Ele foi responsável pela transformação do Código de Postura da
Cidade em Código de Política Municipal com ações previstas para elevar o bem
estar da população. O fausto período da borracha lastreou economicamente sua
administração.
Intendente municipal de Belém a partir de 1897, Antonio Lemos percorreu uma trajetória política que
desembocou em sua execração pública em agosto de 1912, quando trabalhadores
incendiaram sua casa e o fizeram fugir “de pijama” para o Rio de Janeiro. O
estopim da revolta foi a Empresa Americana de Veículos, concessionária da
Intendência.
Antes presidiu o importante Partido Republicano Paraense e
foi proprietário de A Província do Pará que circulou até a década de 80 do século passado. Protetor
das artes e dos artistas se cercou de talentos como Bendito Calixto, Theodoro
Braga, Emilio Goeldi, e outros.
Ao assumir a intendência decidiu que a cidade de Belém seria
uma “petit Paris”. Nessa época as epidemias davam o titulo à capital paraense
como “cidade da morte”, adensada pela chegada da peste em 1903. À cruzada
higienista somou-se a empreitada do embelezamento urbanístico, proibindo
moradores a apanhar mangas com “bode”, jogar dejetos no rio e assim por diante.
Construiu então praças, quiosques, um refinado necrotério e boulevares,
substituição dos bondes puxados por mula por elétricos, reurbanização do Bosque Rodrigues Alves com
construção de castelos, lagos, etc, dentre tantas outras obras perpetuadas na
cidade.
Nascido em 17 de
dezembro de 1843, Antonio José de Lemos
ingressou na Marinha aos 17 anos de idade em São Luís como escrevente de onde
partiu na canhoneira “Ipiranga”. Daí sua vida tomou outro rumo. Participou da
Guerra do Paraguai. Faleceu em 2 de outubro de 1913. Somente 70 anos depois os
restos mortais do intendente foram transferidos do cemitério São João Batista
para repousar no Palácio Antonio Lemos, na cidade velha de Belém.