O tricolor pernambucano Santa Cruz joga hoje, às 17h, contra o Sampaio Corrêa, do Maranhão. A primeira partida da decisão da Terceirona deve reunir público de 40 mil pessoas (lotação máxima) no Estádio Castelão, em São Luís. O jogo de volta será num Arruda abarrotado, com 60 mil torcedores. Não é pouca coisa. Aliás, é um recorde - a final da Libertadores reuniu 86 mil, por exemplo - e um susto, sobretudo quando se tem em mente que os dois times disputam o título de campeão da Série C e estão devidamente classificados para a Segunda Divisão.
Notícia dada, deixemos a imparcialidade para o caderno Superesportes. Quem vos fala aqui é uma torcedora, e não é surpresa para ninguém que o meu coração bate alucinado pelo Santa. Com ele, já chorei e já sorri. Sofri de amor e de raiva. Desci ao fundo do poço. Tentei até me despedir, anunciei um rompimento, que nada teve de definitivo, fiz as pazes, emergi com ele. A Cobra Coral me enroscou de novo, como faz há anos com sua torcida monumental, esteja ela em qualquer patamar do futebol brasileiro.
Se Nelson Rodrigues estivesse vivo, já teria dedicado uma das suas crônicas geniais ao torcedor tricolor, respeitável legião de fanáticos, de admiradores incontestes do time mais amado do Brasil. O Santa é tema das rádios, dos jornais e das tevês internacionais pela inusitada façanha de continuar atraindo sua gente mesmo nos momentos de fracasso, como nos remotos, pelo menos para mim, tempos de Série D. Portanto, é um fenômeno no país do futebol e em qualquer outro lugar do mundo.
Mas o que move essa massa entorpecida pelo Santa? O que a faz não abandonar seu time jamais, nem nos mais sombrios momentos? O torcedor tricolor não recolhe a paixão. Para ele, sentimento não tem a ver com a matemática dos campeonatos, com as classificações técnicas e burocráticas dos cartolas. É um caso de amor, não de números. E toda paixão aceita fracassos e vitórias, alegrias e tristezas, idas e vindas.
Não é à toa que a decisão brasileira de maior público em 2013 será protagonizada por dois times da Série C que sobrevivem da amorosa dedicação do torcedor. Meus respeitos ao Sampaio Corrêa, nobre adversário, que aceitará, com paixão e resignação, a derrota nesta decisão. Só mesmo uma torcedora fanática pelo Santa para prever com tanta certeza a vitória. E se ela, por um capricho, escapulir, não há de ser nada... No ano que vem, seremos 60 mil, 100 mil novamente, no retorno à Série A do Brasileirão.
Do Correio Braziliense