sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Um encontro com Nilton César na noite de São Paulo

    
Fotos: Gutemberg Bogéa
    Ele é reconhecido por meia dúzia de pessoas em meio a uma multidão. Com ralos cabelos sua aparência é remota até para os que guardam sua voz na lembrança de canções que frequentaram as "paradas de sucessos" lá pelos idos de 60 do século passado. Nilton César ainda é um artista.  Diz ele que escolhe o lugar que canta. "Não é em qualquer boate da vida, dessas que os bêbados não deixam você cantar e ainda não respeitam o artista", frisa.
    Dessas casualidades da vida, na noite de quinta-feira,8, cruzei com ele na Assembleia Legislativa de São Paulo. Foi para prestigiar uma amiga, a jornalista Miriam Petrone, na solenidade de posse da seccional paulista da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo.

    Entrevistado por um repórter de televisão que lhe pediu uma "palhinha". "Não me peça isso. Isso eu não faço", respondeu na bucha para depois se derramar em desculpas ao público telespectador. O repórter lhe pediu para cutucar lembranças dos que têm mais de 18 citando composições como "Férias na Índia" ("À Índia fui em férias a passear", de Osmar Navarro) e outras que emplacou na carreira.
    "Tenho mais de 750 músicas gravadas e 52 anos de carreira", confere Nilton César. Indisposto para a aposentadoria anuncia ao menos duas novas que devem entrar em seu próximo trabalho: "Sapato apertado", algo bem dançante e "Garçonete". Sem o foco da tevê, Nilton cantarola "Sapato apertado" citando trechos do arranjo de sopro.  O disco terá oito músicas de sua autoria. Novidade na carreira longeva.
    Segundo conta isso ele fez em uma das músicas mais famosas de sua canção. Na introdução de" Namorada que sonhei" (antes de cantar "Receba as flores que lhe deu"), quis colocar um trompete com surdina. Não deu certo e usou  vocalistas para o efeito de arranjo. Diz não recorrer a músicos novos para soar novo. "Tenho minha banda que toca comigo há muito tempo", declara.
    Acompanhado de dois amigos de sua geração, o cantor e compositor pouco é conhecido da nova geração. Não se importa com isso. Sorridente, simpática sem derramamento, Nilton César diz se dar ao luxo de escolher a dedo os shows de sua agenda. Agora diz receber uma coisinha a mais do Ecad... "mas sou um empresário.Tenho posto de gasolina e uma coisas que graças a Deus permite que escolha os shows que faço. A última vez que estive no Maranhão foi com o Wando, pouco antes dele morrer, na Choperia Marcelo".
    Do passado Nilton César faz graça no presente. "Vou colocar em meu banheiro, no vaso, uma foto minha quando jovem.E, uma de Zé Ramalho agora", brinca. Descrente no retorno do vinil, lembra os discos de ouro que ganhou. Mais de dois..quatro, conta. Sabe que não vai vender horrores, mas acredita na sobrevivência da sua música.