Tamboureiros e cantadeiras/sambeiras do samba de cacete da Vacaria (PA) |
As reclamações sobre a maneira formal e extremamente burocrática como o Sesc divulga sua programação continuam. Por exemplo, o percussionista e compositor Erivaldo Gomes não teve conhecimento com antecedência. Com a devida humildade o Sesc poderia usar um mailing para convocar os músicos, artista e outros com interesse direto no assunto. "Nâo fiquei sabendo", justificou o músico maranhense. Ao Sesc a explicação convincente, no mínimo é aquela: "Mas saiu até na Mirante". Atingir o comerciário então é algo fora de cogitação. "Eles não se interessam", fica mais fácil afirmar. Obtusidade puro sangue.
O excesso de burocracia do Sesc faz com a apresentadora derrame agradecimentos à presença dos diretores do órgão. Não seria anormal seria a ausência no evento. Mas, não é essa a regra por aqui. Ainda mais, diante do entendimento de que o mando é dadivoso e, quase sempre, sempre nepótico ou pautado pelas relações de amizade e afinidades afetivas. Meritória é termo remoto facilmente trocado por algo mais meretriz.
Sem microfone a vocalista e dançarina Esmeraldina dos Santos quis defender suas raízes. Teve dificuldade diante da barulheira do ar condicionado do teatro Alcione Nazaré, casa que já passou por enes reformas e parece cada dia perecer diante dos olhos da platéia.
Muitas palavras então de dona Esmeraldina sobre o marabaixo e batucada se perderam no ar. Como lastro o Sesc bem que poderia bancar um registro sonoro para divulgar de forma consistente o trabalho, propiciando até mesmo o intercâmbio frutífero. Infelizmente o órgão do Sistema S quando se embrenha para o Norte e Nordeste se alisa.
A ideia parece introjetada no corpo funcional que estranho reage a questinamento do tipo.
Fiz a um "colaborador" (eufemismo utilizado pelo capitalismo para chamar os explorados) com a camisa azul do Sesc. "Eles trouxeram algum registro sonoro, um CD ou DVD?", lancei, pensando em obter uma resposta reconfortante mesmo que sendo um não embutido. Mas, a reação do colaborador foi como se tivesse perguntado: "Eles trouxeram alguma droga nativa do Amapá que não seja o Sarney ou algum marimbondo de fogo?".
Mesmo com todos os percalços, vale a pena ouvir o Sonora Brasil.
O grupo que se apresenta hoje é formado por moradores da zona rural da cidade de Cametá que vivem da produção agrícola. É formado por tamboureiros e cantadeiras, também chamadas de sambeiras, que com seus cânticos acompanham os dois "tambouros" e mais um percussionista que toca os cacetes. A liderança é do mestre Benedito Moía. Participam ainda Ângela Meireles, Maria de Jesus, Manoel Maria, Maria das Graças, Marineu Cruz, Raimunda Moía e Nair dos Prazeres.