segunda-feira, 12 de março de 2012

Opinião Trabalhista: Esbulho - Igor Lago

    Após quase um mês do esbulho que provocou um estado de incredulidade nas companheiras e companheiros de nosso Partido, o PDT vive momentos de muitas incertezas e insegurança. Afinal, o Partido maranhense foi vítima de um “canetaço” do atual presidente nacional, Sr. Carlos Lupi, e do secretário nacional, Sr. Manoel Dias, que não tiveram a mínima postura recomendada a um dirigente nacional de um partido que se diz democrático.
    Muitos nos perguntam a razão para tal fatídica decisão. Se havíamos reorganizado o Partido, de forma coletiva, ou seja, com a participação de todos, inclusive dos nossos adversários (os atuais oportunistas de plantão), conseguido um resultado invejável de estar presente em 211 dos nossos 217 municípios, de realizar filiações importantes e com potencial eleitoral futuro, de devolver a auto-estima e semear a esperança em nossa(o)s companheira(o)s?
    Não há como negar que tudo isto não passa de uma retaliação por nosso comportamento durante a crise que atingiu em cheio o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), alguns de seus assessores e o próprio ministro, que acabou sendo demitido no dia 04/12/2011. Desde que assumiu o MTE, o PDT tem sido atrelado a esse órgão com a nomeação de pedetistas, a exemplo de nosso estado, assim como a realização de inúmeros convênios com entidades, secretarias estaduais e municipais e ONGs, muitos dos quais estão sendo objeto de investigação e confirmação de irregularidades conforme recente relatório da Controladoria Geral da União.
    Algo muito diferente do comportamento do ex-governador Brizola, que sempre soube distinguir e separar o papel de um dirigente partidário de um dirigente executivo! Como não são líderes de representatividade política maior, aqueles senhores baseiam-se no controle cartorial do partido.
    Vão nomeando Comissões Provisórias pelo Brasil afora, com seus vassalos à frente do partido para que façam tudo dentro “dos conformes e da confiança”. E, assim, vão fazendo o PDT transfigurar-se, a cada dia, num partido de negócios e distante de suas origens e propósitos. É a iconoclastia, ou seja, a destruição das verdadeiras tradições de nosso partido, cujos princípios e ideais estão enraizados na luta pela democracia, liberdade e justiça social.
    O PDT, goste-se de mais ou de menos, sempre pautou-se pela correção cívica de seus líderes. O Brizola foi um dos brasileiros mais investigados e perseguidos desse país, antes, durante e após a Ditadura Militar. Nunca encontraram nada que o desabone. E tinha o maior adversário que um político brasileiro possa ter: o império das comunicações Rede Globo.
    Que posso dizer à(ao)s nossas companheira(o)s neste exato momento? Que sigam em frente, continuem com os seus trabalhos e, de cabeça erguida, enfrentem esta situação e não desistam de seus projetos municipais.
    Estamos tomando as nossas providências com o recurso a ser entregue à Executiva Nacional para que essa absurda situação seja revertida, que se prorrogue a Comissão Provisória que priorizava o trabalho coletivo e que se convoque a Convenção.
    Igualmente estamos vigilantes quanto aos atos partidários dessa atual Comissão Provisória e denunciaremos qualquer alteração do que foi feito até aqui. Os atuais dirigentes nomeados pelo “canetaço” da hipocrisia não tem legitimidade, estão aí a exercer um papel triste na história de nosso Partido.
    Vamos aguardar até onde irão com falsas homenagens ao nosso líder Jackson Lago. E, como sabem, por uma questão de honra, também estamos vigilantes quanto aos últimos atos de dirigente partidário feitos pelo nosso ex-governador Jackson Lago. Caxias é algo simbólico para todos nós. Trata-se de seguir sua orientação de deixar que o partido fique nas mãos daqueles que não lhe deram às costas no momento em que mais precisava.
    Todos sabem que o atual prefeito caxiense está no PDT por conveniência, não apoiou nenhum de nossos candidatos e tem o pé direito no sarneyísmo e o pé esquerdo no reinaldismo. Cabe relembrar que, na reorganização de nosso partido, procuramos seguir uma linha de não expulsar nenhum destes que tiveram indigno comportamento, mas tivemos condescendência ao entregar os destinos de nosso Partido a quem melhor assumiu e cumpriu com os compromissos e deveres partidários, ou seja, àqueles que não dobraram suas espinhas dorsais ao poder econômico e à traição.
    Sei que os atuais nomeados pelo “canetaço” esforçam-se a exercer um papel de “gestores” e falam de “unidade”, numa tremenda homenagem ao cinismo. Logo eles que provocaram a dissensão, perjuram aos quatro cantos a respeito de nosso papel à frente dos trabalhos de reorganização partidária e confundem a relação com os outros partidos com adesão e atendimento de seus interesses pessoais de mandato.
Igor Lago
Membro do Diretório Nacional do PDT