A morte é eterna fonte de angústia e incômoda sombra a acompanhar a existência humana. Dessa permanente e inseparável vizinha, representada pela figura assustadora, vestida com uma longa túnica negra e uma foice numa das esqueléticas mãos, tem se ocupado uma série de pensadores. O português Manuel de Sousa Coutinho (1555-1632), mais conhecido pelo nome eclesiástico de Frei Luís de Sousa, sacerdote católico, historiador e ilustre escritor, sobre ela disse: “É a morte, para os justos, fim de trabalhos, princípio de alegrias, verão florido depois de triste inverno, porto seguro após tempestade temerosa”. Por sua vez, o baiano Rui Barbosa (1849-1923), mais conhecido por sua atuação como diplomata e escritor, declarou que “a morte não extingue, transforma; não aniquila, renova; não divorcia, aproxima”. O inglês George Gordon Byron (1788-1824), célebre poeta romântico mais conhecido como Lorde Byron, deixou também registrada sua impressão sobre o tema, ao observar que “não malogram os que por uma grande causa morrem”, querendo com isto dizer que todos aqueles que realizarem boas obras neste mundo, forem corretos, justos, solidários, estarão para sempre na lembrança, na memória de seguidas gerações.
O flumnense Casimiro de Abreu (1839-1860), que viveu tão pouco, disse sobre a morte, poeticamente: “Que tem a morte de feia?/ Branca virgem dos amores,/ toucada de murchas flores,/ um longo sono nos traz;/ e o triste que em dor anseia,/ talvez morto de cansaço,/ vai dormir no teu regaço/ como num claustro de paz”. Os versos fazem parte de seu poema “No leito”, escrito em agosto de 1858 e estão em seu livro “As Primaveras” (1859). A figura da ceifadora, da “dama de negro”, como outras denominações que tem a Morte, sempre fará parte do pensamento humano. Conforme a Bíblia Sagrada, Jesus a venceu com Sua ressurreição e, enquanto aqui esteve, disse que “na casa de meu Pai há muitas moradas” (João 14:1-6). Creamos, pois, na vida eterna, já que “tudo é vão, tudo é vão, exceto a morte”, certeza única neste mundo, como disse o poeta maranhense Antônio Gonçalves Dias (1823-1864).