domingo, 14 de maio de 2023

Sempre o amor! e O Mais Infeliz - Oscar D´Alva (Antonio dos Reis Carvalho)


Sempre o amor!

 

Onmia vincit amor et nos caedamus amori
Virgilio — Egloga IX

 

Si o grande Zeus me perguntasse um dia
Qual minha escolha, que diria quando
Me apontasse de um lado a Gloria e o Mando,
E do outro alguém que eu amasse e me amaria;

 

Si me dissesse:    «Aqui tens a Poesia
Que a tua fama irá eternisando,
«Tens a Riqueza, a Gloria que inebria
E alli somente um coração te amando;»

 

Si o velho Mytho assim fallasse, certo
Diria até aos ventos do deserto,
Bradaria com todo o meu poder:

Mais que a Poesia, mais que a Gloria, um Mundo,                                                 

E' ter no coração amor profundo,
Amar, amar e só de amor viver!

          Rio, Agosto de 1898.

                                            Oscar d' Alva


O MAIS INFELIZ

– “Perdi meu filho!” – Exclama desolado

Um triste pai – “E a esposa encantadora

A morte me roubou!” – Desesperado

Um viúvo se lamenta e a dor deplora.

“E eu mãe não tenho mais!” – Abandonado

Brada um filho, e soluça e geme e chora…

E assim os três, sentados lado a lado,

Soffrem da magua a carga esmagadora.

Mas nenhum como o orphão se maldiz,

Nenhum a dor com tanta angústia exprime:

É que outro filho ao pai fará feliz;

É que outra esposa ao viúvo alegrará,

E o que perdeu da mãe o amor sublime

Jámais o mesmo amor encontrará.

Oscar D´Alva é o pseudônimo do poeta maranhense Antonio dos Reis Carvalho (1874-1946)



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