Sempre o amor!
Onmia vincit amor et nos caedamus amori
Virgilio — Egloga IX
Si o grande Zeus me perguntasse um dia
Qual minha escolha, que diria quando
Me apontasse de um lado a Gloria e o Mando,
E do outro alguém que eu amasse e me amaria;
Si me dissesse: «Aqui tens a Poesia
Que a tua fama irá eternisando,
«Tens a Riqueza, a Gloria que inebria
E alli somente um coração te amando;»
Si o velho Mytho assim fallasse, certo
Diria até aos ventos do deserto,
Bradaria com todo o meu poder:
Mais que a Poesia, mais que a Gloria, um Mundo,
E' ter no coração amor profundo,
Amar, amar e só de amor viver!
Rio, Agosto de 1898.
Oscar d' Alva
O MAIS INFELIZ
– “Perdi meu filho!” – Exclama desolado
Um triste pai – “E a esposa encantadora
A morte me roubou!” – Desesperado
Um viúvo se lamenta e a dor deplora.
“E eu mãe não tenho mais!” – Abandonado
Brada um filho, e soluça e geme e chora…
E assim os três, sentados lado a lado,
Soffrem da magua a carga esmagadora.
Mas nenhum como o orphão se maldiz,
Nenhum a dor com tanta angústia exprime:
É que outro filho ao pai fará feliz;
É que outra esposa ao viúvo alegrará,
E o que perdeu da mãe o amor sublime
Jámais o mesmo amor encontrará.
Oscar D´Alva é o pseudônimo do poeta maranhense Antonio dos Reis Carvalho (1874-1946)