sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Eleições na UEMA: Um desserviço à educação democrática - Francisco Valdério*





Colegas docentes, estudante e servidores,

Acompanho atentamente as últimas 3 eleições na UEMA: 2014, 2018 e essa de 2022, e debater é tudo o que não se quer! É o que fica escancarado, por esse processo eleitoral célere dentro de uma IES que está presente em 68 municípios do Estado Maranhão. O desejo sórdido é, justamente, inviabilizar ao máximo a discussão sobre a própria UEMA. Muitos se enganam acreditando que o mais importante numa eleição seja apenas o voto, mas não é! O voto é o momento final do que deve ser o mais amplo processo de debate afim de que cada eleitor, diante não apenas dos candidatos mas também uns dos outros, fique esclarecido sobre a plataforma (propostas/programa) que será adotada para o próximo período de gestão.

Porém, do jeito que as eleições são conduzidas na UEMA, o que fica cristalino é a tentativa de esconder o processo eleitoral da própria comunidade universitária. Primeiro, por fazer coincidir o calendário das eleições gerais com a eleição da UEMA, tirando assim o foco desta última. Em seguida, por adotar uma cronologia eleitoral em que o edital de convocação é lançado na semana que antecede o início das férias; de inscrições de chapas e início da campanha em período férias; e apenas 3 semanas após o início das aulas a votação propriamente dita, dia 12.09, sendo esta precedida por um feriadão (semana da pátria).

Nesse sentido, é pura ingenuidade, para dizer o mínimo, falar em "vontade da comunidade". Ora, comunidade universitária da UEMA tem sido recorrentemente ludibriada com um arremedo de eleição. Um engodo de democracia, pois experiência sem conteúdo, sem discussão como nítido no atual processo. É preciso mudar isso, e não mudaremos se continuarmos apenas assistindo desmandos dessa natureza num espaço que, por excelência, está destinado ao debate qualificado, pois ambiente de formação crítica da sociedade.

Quando uma universidade como a nossa se presta a esse papel de cerceamento do debate democrático da sua própria comunidade, usurpando sua voz e palavra, a mensagem que fica é a de estar se somando ao obscurantismo que ganhou força na sociedade brasileira, esse que ataca a própria universidade, a ciência, o saber, etc. Não querer deliberadamente instalar o debate na UEMA é algo completamente deseducativo, é antipedagógico, especialmente, numa sociedade que escorrega quanto ao conhecimento do que seja a própria democracia e, por essa razão, beira sucumbir ao perigo fascista!


Francisco Valdério (DEFIL/CECEN)

Professor do Curso de Filosofia – UEMA

Professor Permanente do PPGFIL, Mestrado Acadêmico – UFMA

Coordenador do GT Eric Weil e a compreensão do nosso tempo – ANPOF

Membro do Fórum Maranhense em Defesa da Filosofia.