sábado, 27 de março de 2021

Catarina Teto estreia lançando ‘Míssil’ nas plataformas


Muito distante do litoral, a cantora e compositora Catarina Teto lançou para o mundo o single ‘Míssil’ nas plataformas de streamings (spotify, deezer, ama music, bandcamp e outras). É o primeiro registro da cordina (gentílico de quem nasce em Barra do Corda, centro do Maranhão) em estúdio.

O trabalho feito neste ambiente pandêmico, no fio da navalha, à espreita da tragédia anunciada e quase nenhum dinheiro sobrando, foi gestado seguindo à risca o imperativo e providencial distanciamento. ‘Míssil’ nasceu em Teresina (PI), em junho do ano passado, quando ainda era possível vislumbrar um amanhã não tão obscuro, quando críamos no ‘novo normal’, logo ali.

Para chegar a esse universo, Catarine Teto repisou vias sacras artísticas tradicionais. A gravação no estúdio do Youssef Lago, em Teresina (PI), produtor da banda ‘Florais da Terra Quente’, foi meio por acaso. Feito no melhor estilo crowfunding entre chegados. Deu para levantar 600 reais, muito curto para cobrir todos os gastos. “Foi aí que descobri que gravar uma música é um troço caro pra caramba”, constata, aliviada. 

De volta à Barra, aproveitou o relaxamento das medidas restritivas para percorrer barzinhos e levantar o que faltava. Se quitou com o estúdio, fez fotos e ficou tudo pronto. Deu então para colocar ‘Míssil’ nas plataformas.

Desde... 

Cedo a música se fez presente na vida de Catarina Teto, entrando por todos os poros da menina de 11 anos, quando a mãe atendeu ao pedido de presente e montou seu show de estréia no aniversário. Cantou coisas que ouvia emprestado do repertório da mãe, ouvinte eclética da trilha contemporânea.  Montou uma banda com amigos e passou a embalar festas na cidade. Mais tarde a playlist daquela menina se afinou como as correntezas dos Rios Corda e Mearim aos acordes rebeldes do punk rock.

Estimulada pela mãe professora, ficou íntima de Drummond, Kafka e outros nomes da literatura mundial. “Isso influencia muito minha produção musical”, reconhece.

Até que se mudou para o Recife (PE) para cursar Artes Licenciatura, e realizar o sonho de ter um LP autografado por integrantes do Ave Sangria. Foi nesse estágio de febre do rato (expressão que no sotaque pernambucano significa ‘solto na vida’) que a música se instalou de vez como proposta de vida. “Sair de uma cidade do tamanho de Barra do Corda e encarar um Recife, um centro de produção frenética de arte de todos os tipos, é uma loucura”, lembra. Entre espanto e excitação, passou a compor com mais freqüência. Não confere quantas foram e nem revira baú.

Com o Ave Sangria

Foi nesse momento de ebulição, pouco antes da OMC reconhecer a pandemia da Sars Cov2, que nas redes cruzou com Marcelo Moura Fé, da banda ‘Florais da Terra Quente’, formada por músicos de Teresina.  O ritual macabro teve início e embaçou o projeto de trabalhar a música ‘Noir’, parceria de Teto e Fé.

A natureza aguçada fez com que desde cedo Catarina Teto se ligasse nos tons universais, de Joy Divisions a Ave Sangria (a banda nordestina referência do rock progressivo), sem deixar de captar Buarque, Caetano, Tim, enfim, todos os totens da música brasileira. Da música atual acredita que tem muita coisa incrível acontecendo por aí. Sem cabotinismo, não se inclui.  Menciona o maranhense Negro Leo, Ana Frango Elétrico, King Gizzard e outros mais.


Agora ...

No single de estréia, a compositora não pretende apresentar uma goma sonora. Ratifica sua trajetória como artista sem pretensões sisudas. Brinca com o som de “miss you” para dar título à primeira música gravada. A letra despretensiosa e criativa embaralha idiomas, faz experimentações fonéticas e alinhava retalhos da vida para conquistar ouvidos de todo tipo de diapasão. Moldada nos bares da vida, a compositora apresenta uma harmonia segura que a banda soube captar. 

Sem trilhar estereótipos regionais, com ‘Míssil’ Catarina Teto mostra que sua fibra sonora está conectada com o mundo. Neste trabalho apresentado, entre tantos que produziu desde os 14 anos, amalgama todas as influências recebidas para apresentar uma marca forte. Tão marcante como o timbre do teclado que perpassa toda a canção, remetendo aos Doors, demonstrando que o contágio roqueiro é redivivo. Porém, não se posiciona no lado avesso da chamada MPB ou do pop. Em breve conversa com Catarina Teto se percebe o ânimo artístico de alguém convencido de que o século 30 vencerá, ressuscitando afetos, ansiando o futuro e crente nos amores febris.


'Míssil'

 só parte de baixo

Pra correr sob a chuva

Que tá pra cair 

Na rua das Laranjeiras

Que era a casa baby meu irmão

Onde moramos Doces bárbaros

No centro do Maranhão


E eu bombardeei você

Com mísseis de miss you

E eu aprendi inglês

Pra te falar I miss you


Vinho tinto no telhado 

Pra espantar o mau agouro

Que sempre é de vir

Na várzea eu aventureira

Que era a casa baby meu amor

Onde moramos e chorávamos

Pela falta que chegou


E eu bombardeei você

Com mísseis de miss you

E eu aprendi inglês

Pra te falar I miss you

E eu bombardeei você

Com mísseis de miss you

E eu aprendi inglês

Pra te falar I miss you

I miss you so much

O LINK de "Missil"https://open.spotify.com/track/0MKFQeJUq7fD9qlsmIr0lP?si=ElsdFhgYQMO8-x2GgA5Xrw&utm_source=copy-link