segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

A desvalorização do professor - Silvio Martins

    Mais da metade das prefeituras do Brasil pagam abaixo do piso salarial aos professores, ou seja: prefeitos desrespeitam a lei do piso salarial da categoria.  

    A irregularidade parece ser algo comum, banal para muitos. Mas essa lei que descumprem, não é qualquer uma, ela valoriza um dos protagonista do desenvolvimento da sociedade, o professor.

    Não precisa ser um gênio para entender que descumprir essa lei é valorizar a burrice, a ignorância, a dependência... É não valorizar a educação. É algo do nivel: povo mal educado é mais fácil de ser enrolado. Em sociedades assim, a nação prepara seus filhos mais para a condição de escravo do que de cidadão.

    Acredita-se que grande parte dos gestores públicos é imediatista enquanto educação gera resultado a médio e longo prazo. Assim, pode-se, então, afirmar que educação não é a prioridade na cabeça da maioria dos prefeitos. 

    Tratar o professor assim é maltratar a educação. É reduzir horizontes, é projetar medos. Muito dos medos vêm da falta de conhecimento. Sem educação, descobrir e produzir conhecimento é muito mais difícil.

    Um mundo assim tendência às mazelas sociais. Para algumas pessoas, as mazelas são  consequências da precariedade educacional, da falta de escolaridade, de aconchego familiar. Não deixam de estar certo por pensar assim.

O cômico é a desculpa dada pelos gestores públicos por descumprir a lei: falta recurso. Essa é a cínica explicação. Contudo, para fazer propaganda da gestão pública e fazer festas, os recursos sempre aparecem. É a oferta de ‘circo’ e ausência de pão e escolas de qualidade.

    Provavelmente, a maioria dos filhos dos prefeitos não estudam em escolas públicas, assim como não usam os serviços de saúde pública; não sentem na pele o que passa boa parte da população.

    É possível que uma quantidade expressiva desses gestores se paute assim: “farinha pouco, meu pirão primeiro”, e tratam de encaminhar o dinheiro público para finalidades mais pessoais. 
.
    O fato é que a educação só aparece como prioridade quando no discurso de campanha eleitoral. Fora do discurso, o que se ver na real é a desvalorização ao professor, o não cumprimento da lei que determina o piso salarial.

    Mas lamentável ainda é ver os órgãos de fiscalização, Ministério Público e Tribunal de Contas,  responsáveis pela fiscalização do cumprimento da lei, deixar a Constituição ser rasgada. Agindo assim, dão a sí próprio, atestado de ineficiência e descaso perante à sociedade.

    Por que será que é tão difícil aos fiscalizadores das leis fazerem esses gestores cumprirem uma lei tão importante como esta? Se for tão dificil assim, é razoável pensar que os filhos deles também não usam o posto de saúde público e nem frequentam escolas públicas. São agentes públicos de alguma coisa privada.
É por isso que é difícil entender porque nesta sociedade gasta-se mais com um presidiário do que com um aluno do ensino público.

Silvio Martins
Jornalista