Mais da metade das prefeituras do Brasil pagam abaixo do piso
salarial aos professores, ou seja: prefeitos desrespeitam a lei do piso
salarial da categoria.
A irregularidade parece ser algo comum, banal para muitos. Mas
essa lei que descumprem, não é qualquer uma, ela valoriza um dos protagonista
do desenvolvimento da sociedade, o professor.
Não precisa ser um gênio para entender que descumprir essa lei é
valorizar a burrice, a ignorância, a dependência... É não valorizar a educação.
É algo do nivel: povo mal educado é mais fácil de ser enrolado. Em sociedades
assim, a nação prepara seus filhos mais para a condição de escravo do que de
cidadão.
Acredita-se que grande parte dos gestores públicos é imediatista
enquanto educação gera resultado a médio e longo prazo. Assim, pode-se, então,
afirmar que educação não é a prioridade na cabeça da maioria dos
prefeitos.
Tratar o professor assim é maltratar a educação. É reduzir
horizontes, é projetar medos. Muito dos medos vêm da falta de conhecimento. Sem
educação, descobrir e produzir conhecimento é muito mais difícil.
Um mundo assim tendência às mazelas sociais. Para algumas pessoas,
as mazelas são consequências da
precariedade educacional, da falta de escolaridade, de aconchego familiar. Não
deixam de estar certo por pensar assim.
O cômico é a desculpa dada pelos gestores públicos por descumprir
a lei: falta recurso. Essa
é a cínica explicação. Contudo, para fazer propaganda da gestão pública e fazer
festas, os recursos sempre aparecem. É a oferta de ‘circo’ e ausência de pão e escolas de qualidade.
Provavelmente, a maioria dos filhos dos prefeitos não estudam em
escolas públicas, assim como não usam os serviços de saúde pública; não sentem
na pele o que passa boa parte da população.
É possível que uma quantidade expressiva desses gestores se paute
assim: “farinha pouco, meu pirão primeiro”, e tratam de encaminhar o dinheiro
público para finalidades mais pessoais.
.
O fato é que a educação só aparece como prioridade quando no
discurso de campanha eleitoral. Fora do discurso, o que se ver na real é a
desvalorização ao professor, o não cumprimento da lei que determina o piso
salarial.
Mas lamentável ainda é ver os órgãos de fiscalização, Ministério
Público e Tribunal de Contas,
responsáveis pela fiscalização do cumprimento da lei, deixar a
Constituição ser rasgada. Agindo assim, dão a sí próprio, atestado de
ineficiência e descaso perante à sociedade.
Por que será que é tão difícil aos fiscalizadores das leis fazerem
esses gestores cumprirem uma lei tão importante como esta? Se for tão dificil
assim, é razoável pensar que os filhos deles também não usam o posto de saúde
público e nem frequentam escolas públicas. São agentes públicos de alguma coisa
privada.
É por isso que é difícil entender porque nesta sociedade gasta-se mais
com um presidiário do que com um aluno do ensino público.
Silvio Martins
Jornalista