Número de órgãos transportados pela Força Aérea Brasileira subiu de cinco para 148 após governo determinar que uma aeronave ficaria disponível para doadores
Depois de decreto presidencial de junho, o número de órgãos transportados para transplante no país pulou de 5, nos seis primeiros meses deste ano, para 148. Em balanço dos 200 dias de gestão, apresentado ontem, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, apontou aumento de cerca de 2.860% no transporte de órgãos pela Força Aérea Brasileira (FAB). O aumento só ocorreu depois que o presidente Michel Temer editou, em junho, um decreto para determinar que uma aeronave ficasse disponível apenas para esta tarefa.
Temer só editou o decreto após reportagem do GLOBO mostrar que 153 corações, fígados, pulmões, pâncreas, rins e ossos deixaram de ser transportados pela Aeronáutica entre 2013 e 2015. Até então, a FAB era obrigada apenas a transportar autoridades. Já no caso dos órgãos, o serviço era feito quando havia estrutura disponível.Depois do decreto presidencial, em junho, o número de órgãos transportados chegou a 148, contra apenas cinco registrados de janeiro de 2016 até aquela data. Para garantir o serviço, foram repassados R$ 5 milhões ao Ministério da Defesa, segundo Barros. O ministro destacou que a medida traz impacto importante para a redução da fila de transplantes no Brasil:— Facilita o aproveitamento desses órgãos e com isso acelera nossa fila de transplantes.Barros apresentou ainda informações sobre 429 equipamentos hospitalares apreendidos pela Receita que serão aproveitados pelo SUS, como 53 mamógrafos, 64 macas elétricas e 22 tomógrafos. O órgão federal de fiscalização havia declarado a perda dos aparelhos, num total de R$ 17,5 milhões, devido a problemas verificados no processo de importação por parte de hospitais e clínicas. O governo agora vai avaliar o estado de conservação para poder usá-los.Outra medida destacada pelo ministro foi a expansão do prontuário eletrônico no SUS, que abrange 57 milhões de brasileiros. Segundo ele, o governo gastará mais de R$ 500 milhões para informatizar municípios e estados para chegar a 100% de transmissão de dados de saúde online. Se a meta for cumprida, o cidadão poderá avaliar e fiscalizar o funcionamento do SUS: — Cada procedimento será encaminhado ao cidadão, e ele vai avaliar o serviço. E vai conferir se foi prestado. Será, portanto, o fiscal do sistema.O ministro voltou a falar que o governo combaterá a judicialização na Saúde em duas frentes: montando um banco de pareceres e especialistas em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para auxiliar juízes em suas decisões e incorporando medicamentos muito demandados. Segundo Barros, a estimativa é que a União gaste com remédios e outros itens obtidos por decisão judicial cerca de R$ 1,6 bilhão até o fim deste ano, ante R$ 1,1 bilhão em 2015.Medidas como a inclusão de meninos na vacinação contra HPV, liberação de emendas parlamentares na Saúde e investimento em testes rápidos e vacinas contra dengue e zika também foram lembradas por Barros, que ressaltou, de forma geral, ter obtido economia por “eficiência na gestão" de R$ 1,9 bilhão. As principais ações que resultaram em diminuição de despesas foram renegociações na compra de remédios e em contratos de informática.