Uma das mesas mais concorridas da FlipMais ocupou a Casa da Cultura na noite desta sexta (5) e uniu o polêmico cantor e escritor Lobão e o crítico do jornal Folha de S.Paulo André Barcinski. O tema foi rock, MPB e cultura popular.
Barcinski termina um livro ainda sem título sobre a música pop brasileira entre os anos 1974 e 1983, que vai do surgimento da banda Secos e Molhados até a explosão do rock nacional.
“Até o meio dos anos 1970, o pop rock era desprezado pelos artistas da MPB. Na época em que os Beatles lançavam ‘Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band’, por aqui os artistas faziam passeata contra a guitarra elétrica”, provocou Barcisnki.
Lobão, que não deixa barato, arrematou dizendo que “essa história de resistência à guitarra é pura inveja do falo norte-americano”, arrancando risadas da plateia. “O ranço da MPB é ser desprovida de virilidade, é pau molengo. Quanto mais pau molengo, mais MPB”, afirmou.
Lobão é um conhecido inimigo da MPB, mas surpreendeu ao elogiar o funk carioca. Segundo o autor de Manifesto do Nada na Terra do Nunca, o ritmo “é interessante, criativo e divertido”. “O pessoal inventou um ritmo eletrônico potente na favela, com levadas próprias. Já o rap e o hip hop são sem humor. E, quando você tira o humor, você fica burro.”
Barcinski criticou a apropriação dos gêneros populares como o rap e o hip hop pela “esquerda indie” e lembrou que, durante a ditadura militar, vários artistas populares como Odair José e Benito de Paula foram censurados, assim como seus colegas mais famosos da MPB.
Lobão ainda disparou suas farpas contra alvos como o governo do PT, o Ecad e até as recentes manifestações que tomaram as ruas do Brasil. “Fui muito criticado quando lancei meu livro, mas esses protestos são a verdadeira terra de ninguém na terra do nunca. O começo foi legal, mas agora é clima de micareta”, alfinetou.