I Coletiva Traços do Maranhão da gestão Olga Simão na Secma |
"Radiola" da série Bicicletas de Betto Pereira |
Derivar para as artes plásticas não é privilégio de Betto Pereira. A
história da arte registra histórias idênticas. Sob influência visível das
pinceladas da escola de artes do Parque Laje de Rubens Gershman (1942-2008), as
pinceladas de Pereira se assemelham a grosso modo às de Fernando Mendonça e
toda uma geração responsável pela pop brasileira. Talvez ele nem tenha entrado
em contato com esse universo do neo-realismo para enveredar pelas artes
plásticas. Seus quadros em acrílico são variações sobre um mesmo eixo
pictórico: a narrativa visual do cotidiano.
Tela de Péricles Rocha na coletiva do São Luís Shopping |
Junto com a "Radiola" da série Bicicleta de Betto Pereira
estão na I Coletiva (marco zero da era Olga Simão nas artes plásticas)
trabalhos de nomes como Péricles Rocha, Jesus Santos, Vidotti, Airton Marinho,
Érico Junqueira e outros artistas plásticos de estrada longa. A intenção é
vender. Isso disse de maneira clara o idealizador da coletiva, o também arte
plástico Rogério Martins que tem histórico de êxito com vendas.
Convidado a participar da coletiva Airton Marinho propôs à secretária
Olga Simão o investimento em uma galeria oficial. Ou até mais de uma. No
organograma da Secma existe apenas a Galeria Floriano Teixeira como anexa do
Museu Histórico e Artístico do Maranhão, na rua do Sol, à disposição. Há pouco
tempo havia a Galeria do Nazeu Quadros, casarão da rua da Estrela anexo à
Secma, que cedeu lugar para protocolo da Lei de Incentivo à Cultura.
Para reservar uma pauta na única galeria da Secma é preciso desembolsado
R$ 1.500,00, trezentos reais acima do preço da tela em acrílico de Betto
Pereira comercializa no espaço aberto pela Secma. Para muitos artistas
maranhenses sem penetração no "mercado" como Martins e Rocha, por
exemplo, é simples desistir.
Todo esse quadro adverso não esmoreceu Betto Pereira. Da música para a
mídia eletrônica do programa Armazém, Betto Pereira usou a arte como ponte e o bom diálogo com o establishment. Quando não está na
televisão o cantor está no palco. Em tempos mais recentes figurando cativamente
na programação organizada pelo Marafolia. Nos dias de hoje faz parte do A5,
grupo que sempre dá as caras nas programações oficiais bancada pelo governo do
estado.