sábado, 13 de abril de 2013

Coxinho recebe homenagem com lançamento de DVD no Bairro de Fátima

  
Coxinho (24.09.1910 - 03.04. 1991)

 
"Anoiteceu, o galo cantou/Vaqueiro, vai na igreja
que o sino dobrou
É pra reunir/Vamos guarnicê
Esta é a ordem que São João mandou"

     O filho mais velho de Coxinho, José Plácido Sousa dos Santos, o Zequinha, lança neste sábado,13, DVD com imagens capturadas no álbum de família e coisas dispersas por aí, na homenagem que o cantador de toada recebe na Praça da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, no Bairro de Fátima. No bairro, Coxinho viveu sua glória e seus últimos dias na casa número 435 da rua 10 (Deputado João Henrique).
    Coxinho nasceu Bartolomeu dos Santos na ribeira do Mearim, em Fazenda Nova, povoado próximo de Lapela, em Vitória, à margem esquerda do rio. Lá, os negros foram alojados em grande quantidade.
    Morreu Coxinho aos 81 anos como cantador de Bumba-meu-boi e patrono da cadeira nº 7 da Academia Arariense-Vitoriense de Letras, ocupada pelo artista plástico Airton Marinho. A AVL foi criada em 29 de janeiro de 2000, nove anos após a morte de Coxinho. Na xilogravura "Uma ceia com Irmã Dulce,  Coxinho está lá ao lado de Lampião, João do Vale, Luiz Gonzaga, Catulo da Paixão Cearense e outras nove personalidade da história da arte e da humanidade.
    Sua toada "Urrou o boi", por projeto de lei do deputado José Raimundo Rodrigues se tornou o "hino do folclore maranhense". Estreou com quatorze anos de idade como "Vaqueiro perdido" no Boi Ries do Ano, em Vitória do Mearim, durante a grande cheia de 1924.
    Dois anos depois Coxinho pegou a rota serpentiginosa do rio em direção a São Luís. Se encantou pelas embarcações, uma delas de nome Ondina,e daí para frente virou embarcadiço entre a capital do estado e Grajaú, a partir da Rampa Campos Melo. Até que doze anos depois de ter trocado Vitória por São Luís se tornou amo do boi. Em 1945 já estava emaranhado com os bois de Viana e Pindaré.
A turma do Pindaré emergiu a partir da inciativa de Apolônio Melônio fundar em 1960 o Boi de Pindaré. Esse batalhão tinha quatro amos: Além de Apolônio, João Câncio, Cobrinha e Coxinho.
    Da divisão desta turma, João Câncio acabou levando parte dela da floresta da Liberdade para o Bairro de Fátima. Daí em diante Coxinho será um dos dois amos.
A toada 'Urrou o boi" é de 1972.  Nesse ano foi gravado o primeiro long-play do Boi de Pindaré com toadas de Coxinho. A partir de 1977 com a morte de João Câncio, Coxinho passa a comandar o batalhão de Pindaré como amo principal.
    Quando governador, João Castelo (1979-1982) nomeou Coxinho na Secretaria de desportos e Lazer, Sedel. Foi por esta via que, aposentado,  passou a receber um salário mínimo mensalmente. Veio então o declínio mais acentuado na sua trajetória de vida: passou a mendigar na Rua Grande e perambulando pelas ruas do centro de São Luís. Em 1987p chefe do Executivo no Maranhão, o hoje senador Epitácio Cafeteira elevou a aposentadoria de Coxinho para cinco salários mínimos.
 
"Urrou do boi"
Hino do Folclore do Maranhão
 
"Lá vem meu boi urrando/subindo o vaquejadou
deu um urro na porteira/meu vaqueiro se espantou
e o gado da fazenda/com isso se levanto
 
Urrou, urrou/urrô,urro
meu novilho brasileiro/que a natureza criou.
 
Boa noite, meu povo/que vieram aqui me ver
com esta brincadeira/trazendo grande prazer
salve os grandes e pequenos/este é o meu dever
saí pra cantar boi/bonito pro povo ver
São João mandou, é pra mim fazer
é de minha obrigação/eu amostrar meu saber.
 
Urrou, urrou/urrou,urrou
meu novilho brasileiro/que a natureza criou.
 
Pra Jesus de Nazaré e a virgem da Conceição/viva o boi de Pindaré
com todo seu batalhão/São Pedro e São Marçal e meu senhor São João
viva as armas de guerra/viva o chefe da nação
viva a estrela do dia/São Cosme e São Damião.
 
Urrou, urrou/urrou,urrou
meu novilho brasileiro/que a natureza criou.
 
meu povo presta atenção/os poetas do Maranhão
que canta sem lê no livro/já tem em decoração
todo amo no mês de junho/temos por obrigação
de cantá toada nova/em louvo de São João
viva a bandeira brasileira/cobrindo a nossa nação.
 
Urrou, urrou/urrou,urrou
meu novilho brasileiro/que a natureza criou."