Até na festa o Maranhão é desigual. Patrocinados pela Emap - estatal de administração portuária pela qual já passaram o atual prefeito de São Luís, João Castelo, o irmão de Mauro Fecury, Ricardo Zeni, e outros felizardos, hoje sob a égide de Jorge Murad - , Alumar, OGX, MPX e outras empresas que extraem riquezas do estado mais pobre da federação e aqui investem migalhas, os shows da comemoração dos 400 anos de São Luís, na Lagoa da Jansen, reafirmaram a marca indelével da estratificação história entre apaniguados e párias no cenário social maranhense.
Idosos se espremem contra a grade no show do "rei" |
No show de Roberto Carlos, contratado a peso de ouro na programação organizada pelo estado, o que se viu estendido na Lagoa foi a mais pura legitimação dos espíritos acomodados.
À frente do palco e nas arquibancadas, um público seleto - entre eles amiguinhos jornalistas devotados mais aos canapés, jabás e boca-livres que à notícia, desfrutava do conforto, separado da massa ignara que comprava banquinhos a R$ 10 reais para esperar sentado pelo "rei".
Secretário-adjunto de Saúde do Estado, José Márcio, e felizes familiares |
Imagem para redes sociais e colunas ditas paga pelo contribuinte |
Bem traduziu a cantora Ana Torres, na louvação a São Luís que pouco agradou aos presentes, em sua agradecimento à realeza. Muito fácil ser rei numa terra de súditos convitos. Lembrou bem um grande momento da campanha eleitoral de 2006 quando em rede de televisão o ex-ministro Edson Vidigal indagou: Onde estão os homens e as mulheres desse estado que não se indignam?. Talvez no show de Ivete São Galo (assim mesmo), espremida entre a cerca de proteção da eleite e o débito dos impostos, tão desconhecida como o sentido do termo republicano. É show para ficar na história mesmo.