quinta-feira, 10 de maio de 2018

A primeira Mina que se manifestou






    Mina Loy, poeta ingleza publicou o primeiro Manifesto Feminista em 1914: ali propunha uma "demolição aboluta" da tradição. A história de uma pecursora que viveu na América do Sul.


Poucos sabem, mas a primeira mulher que escreveu um Manifesto Feminista viveu alguns meses na América Latina, precisamente em Buenos Aires (Argentina), em 1918.  Seu nome, Mina Loy ( Londres, 1882-Colorado, 1966), poeta, dramaturga, artista plástica,  fez parte das vanguardas plásticas como Futurismo e Dadaísmo.
Um de seus retratos mais famosos foi feito por ManRay. Mina chegou à Argentina trazida pela guerra, que em seu caso funcionou com um abalo sísmico que a depositou em outra parte do mundo, quase contra sua vontade.
Muitos jovens americanos haviam saída dos Estados Unidos para evitar serem recrutados como soldados e enviados à frente. Entre eles, Arthur Cravan, um homem de quase dois metros de altura, poeta, boxeador e sobrinho de Oscar Wilde. Cravan havia chegado a editar uma revista de poesia e, Mintenant. Naquele tempo Mina o considerada um depravado, depois se apaixonou por ele para sempre. Cravan se declarou a ela com uma frase: “Devias vir comigo e viver dentro de um táxi; poderíamos ter um gato”.
Ela não pensou duas vezes. Naquele tempo as coisas caminhavam bem: ele havia saído de um divórcio e podia voltar a ver seus filhos Giles e Joella, fruto do matrimônio anterior.  Com a guerra era impossível pensar em ir ou sair da Europa. Ela acabara de publicar sua ‘Love Songs’, poemas de amor e um longo poema sobre o parto, considerado pornógrafo para a época.
Mina Loy foi então para o México agora como a senhora Cravan, junto com outros amigos. Permaneceu por um tempo em Salina Cruz, alimentando-se de tomates e ovos. Pouco tempo depois, as tropas dos Aliados passaram a recrutar desertores na costa do México.  Eles deveriam deixar o lugar se não quisessem ir para o campo de batalha.
“Alguém disse que viver em Buenos Aires era barato. Carne custava somente cinco centavos de libra, a bebida era boa e uma vida noturna com cabarés e outras atrações.  Cravan e Mina decidiram viajar separados. Ele, em um veleiro, e ela em um barco mais seguro. Ele teve má sorte. O veleiro oi atingido por um temporal e depois disso ninguém mais soube sobre ele.
Katherine Dreier, amiga de artistas como Marcel Duchamps e outros, convenceu Mina a embarcar para a Argentina. Na América do Sul uma mulher viajando sozinha não era bem vista. Por mais que ela tivesse uma conduta moderna e grandes ideias sobre o mundo eminino, não deixaria de ser vista como uma gringa.
Mina Loy viajou primeiro a Valparaíso e cruzou então os Andes de trem de Santiago até Buenos Aires em um trajeto que durava um dia e meio. Estava grávida de cinco meses quando chegou e não perdia a esperança de encontrar Cravan em Buenos Aires, como haviam combinado.
Ela viveu na casa do cônsul da Inglaterra na época em que lá estava Marcel Duchamps. Dele recorda quando Katherine Dreier comentou sobre o naufrágio de Cravan ele atribuiu aos males da guerra.
Os poucos meses que esteve em Buenos Aires foi marcantes para a vida de Mina. Naquela tempo a cidade em nada se assemelhava à cidade metropolitana que já era Nova Iorque para acolher suas inquietações artísticas. Mesmo Duchamps admitia ser BA uma cidade provinciana e os argentinos ignorantes em relação à arte moderna.
Mina escreveu a sua mãe, se reconciliando com ela. A mãe a recebeu no seu regresso. Em abril de 1919 nasceu Jemina Cravan Lloyd. Mina nunca se conformou em ter perdido Arthur Cravan.
Mais tarde, ela se dedicou a decorar luminárias graças ao apoio de Peggy Guggenheim. Como tudo que empreendia, se destacou como tal. Em 1923, publicou o livro Lunar Baedeker. Baederker era o nome de um famoso guia turístico na época. Havia escrito um antes, em 1915, muito elogiado pelos poetas da época.
Também escreveu a novela surrealista Insel, publicada em 1991. É a história de um artista alemão, Insel, com a marchan Mrs. Jones. Alguns críticos comentam que é baseada em sua próprio vida e Insel seja o pintor Richard Oelze. O livro pode ser encontrado no Goolgle Books, assim como uma biografia detalhada de Mina Loy, Becoming Modern, de Carolyn Burke.
Em 1929, The Little Review perguntou a Mira Loy
- Qual foi o momento mais feliz de sua vida
-Casa momento que passei com Arthur Cravan
E o mais triste
- Todos os demais.
Para quem desejar ler algo mais sobre Mina Loy pode encontrar textos em castellano de Aitor Boada Benito, no endereço https\\elvuelodelalechuza.com\2017\09\11\el-uniberso-lunar-de-mina-loy.
Quem é Mina Loy
Indubitavelmente uma mulher invisível. Tão desconhecida no mundo atual que se confunde com o nome de uma atriz de Hollywood da década de 30, Mirna Loy.  Dizia que ser poeta era uma forma de reivindicar o anonimato. “Nunca fui uma poeta. Verdadeiramente sou um ser vivo. Sem dúvida, é necessário permanecer no anonimato para manter a incógnita, a aventura que elegi de ser poeta”.
Nasceu Mina Gertrude Löwry e passou por Paris, Itália, Nova Iorque, Argentina e faleceu aos 83 anos em Colorado (EUA). Redigiu o Manifesto Feminista em novembro de 1914, em resposta a alguns desafortunados e sexistas que haviam largado Marinetti, ideólogo do futurismo e seu amante por muito tempo. Pra ele, as mulheres eram “joguetes trágicos, animais maravilhosos”, e isso fez Mina saber que era “especial, não como as demais mulheres”.
Sem pensar duas vezes, arremessou contra ele seu manifesto em forma de poema, em versos livres e sem pontuação, o que na época por si só era um escândalo. Jamais foi publicado enquanto ela viveu.
Recentemente foi publicado em castellano (em 2016), por uma editora espanhola – Linterna sorda, pelas mãos de uma biógrafa, Ana Muiña.
É considerado o primeiro manifesto adjetivamente femininista. Perfilada às anarcofeministas, Mina foi reconhecida como uma autoridade no tema assim outras mulheres que jogaram luz na luta pela igualdade como a escritora Josefa Amar e Borbon, em 1786, em seu disso em defesa del talento de las mugeres (sic). Neste discursos, se discute tdos os prejuízos causados pela suposta superioridade intelectual masculina em relação às mulheres. O texto pode ser acessado pelo link da Biblioteca Augustana.


Manifesto feminista de 1914(Fragmentos)

1 – O movimento feminista tal e como está instituído na atualidade resulta inadequado. Mulheres se queremos realizar – e nos encontramos na véspera de uma convulsão psicológica devastadora – não devemos ser complacentes para desmascararmos todos os enganos.  Estão preparadas para o Inferno. O único método para a demolição absoluta é o tradicional no, só assim conseguiremos a revolução.
2 – Se de verdade desejas encontrar teu lugar, sede valente e comece negando este patético grito de guerra disparatado de que a mulher é igual ao homem. O primeiro engano que convém demolir na divisão das mulheres em duas classe – a amante e a mãe. Qualquer mulher consciente de seu papel e sã pode se expressar através de sus funções, sem restrições.
3 – não há nada impuro no sexo- exceto se não há disposição mental. Esta ideai pode se constituir em uma degeneração social incalculável e vasta que se pode imaginar para uma geração.