segunda-feira, 10 de março de 2014

Ferreira Gullar critica arte, novelas, Cuba e capitalismo americano na Revestrés

   
    Capa da revista Revestrés (PI) do mês de fevereiro, o poeta maranhense Ferreira Gullar, 83, referendado pela publicação como "o maior poeta vivo do Brasil", inflama sua recente imagem controversa depois que passou a encetar o presidente Lula em suas crônicas dominicais no jornal Folha de S. Paulo.
    Na entrevista concedida a Samária Andrade, Wellington Soares e André Gonçalves (com fotos deste último, uma delas ilustrando a capa-veja reprodução acima), em seu apartamento no Rio de Janeiro, bairro de Copacabana,Gullar fala sobre arte e política.
Confira algumas declarações de Gullar à Revestrés:

"No passado, todo mundo desconfiava da novidade. Hoje, quem desconfia da novidade tá desclassificado. O próprio museu tem que aceitar a novidade. Por isso ele se chama "Museu de Arte Moderna" (arrasta a palavra). Se ele não aceitar o casal nu, deixa de ser moderno.E o diretor do museu também tem que ser moderno. É tudo uma mentirada, tudo uma grande farsa. Enquanto isso, os verdadeiros artistas continuam a fazer arte".

"Novela é divertida, mas é uma bobajada, uma incoerência. A verdade é que ninguém que escreve novela quer continuar. Todos preferem fazer minissérie. Na novela você é prisioneiro de um gênero que tem que desenvolver com ou sem assunto...
A novela é feita pra ganhar dinheiro, não tem compromisso com a qualidade. Todos os autores sabem disso."

"O propósito de Cuba é o melhor e mais generoso possível: - querer a sociedade justa. Só que tá provado que o caminho não é esse e as pessoas não têm coragem de dizer. As pessoas vivem de mentira, é tudo hipocrisia, uma cretinice. Todo mundo quer ser libertário, aberto. Já reparou que não existe mais opinião? Tudo é preconceito. Qualquer opinião que contraria o que está estabelecido é preconceito".

"Os Estados Unidos  são um país riquíssimo e continuam a explorar o trabalhador de uma maneira vergonhosa! É terrível, mas o capitalismo é isso! E mais: ele é produtivo porque segue a ambição humana, que não tem limite".