quinta-feira, 19 de abril de 2012

Deputado Camilo Figueiredo mantinha em fazenda de Codó até crianças em condições de trabalho escravo

Água da lagoa, utilizada por gado, servia para crianças e
adultos beberem e tomar banho
Sete pessoas foram resgatadas de condições semelhantes às de escravos em uma fazenda no Estado do Maranhão, após denúncia de trabalhadores. No local, foi constatado que crianças e adultos bebiam a mesma água que o gado, na Fazenda Bonfim, zona rural de Codó (MA).
    De acordo com reportagem da agência de notícias Repórter Brasil, a água era retirada de uma lagoa suja, repleta de girinos, armazenada em potes de barro e consumida sem nenhum tratamento ou filtragem. A mesma lagoa era utilizada ainda para o banho dos empregados que utilizavam o mato como banheiro, já que no local não havia instalações sanitárias.
    A propriedade pertence à empresa Líder Agropecuária, que consta na declaração de bens do deputado estadual Camilo de Lellis Carneiro Figueiredo (PSD/MA). À Repórter Brasil, o deputado Camilo afirmou desconhecer as denúncias e disse que a fazenda é administrada por seu pai, Benedito Francisco da Silveira Figueiredo, o Biné Figueiredo, ex-prefeito de Codó. Biné, por sua vez, nega que seja administrador e alega que não há trabalhadores na propriedade, "apenas moradores", segundo a reportagem.
Propriedade
    A fazenda da família Figueiredo era usada para criação de gado para corte. Os trabalhadores libertados eram responsáveis pela limpeza do pasto, com a retirada de ervas daninha e arbustos, e ficavam alojados em barracos feitos com palha. Nos abrigos, não havia sequer proteção lateral, apesar de serem habitados por famílias inteiras, inclusive com crianças.
    Os trabalhadores resgatados não possuíam Carteira de Trabalho e da Previdência Social assinada e exerciam as atividades sem nenhuma proteção individual. "Todas as irregularidades e ilegalidades constatadas constituíram total desrespeito a condições mínimas de dignidade da pessoa humana, distanciando-se da função social da propriedade e ferindo assim, além dos interesses dos trabalhadores atingidos, também o interesse público", disse à Repórter Brasil o auditor fiscal Carlos Henrique da Silveira Oliveira, que coordenou a ação.
    A maioria das pessoas libertadas era de Codó (MA) e estava há cerca de dois meses na fazenda. O resgate aconteceu no início de março a partir de uma ação conjunta da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Maranhão (SRTE/MA), Ministério Público do Trabalho e Polícia Federal.
De O Povo