A exposição sobre línguas indígenas do Brasil Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação, realizada pelo Museu da Língua Portuguesa, com articulação e patrocínio máster do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet, segue em Belém (PA) até 28 de julho. Ainda não há data para a exposição desembarcar no Maranhão. O estado está no roteiro.
Desde 23 de janeiro , a mostra Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação está também disponível em versão virtual e gratuita, para ser vista de qualquer lugar do mundo. Para acessar basta clicar no link https://nheepora.mlp.org.br/ e explorar todo o conteúdo, que joga luz nas línguas e culturas dos povos originários do Brasil.
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A mostra ficará em cartaz em Belém (PA) no Centro de Exposições Eduardo Galvão no Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi, com uma série de novidades em relação à versão original, realizada na sede do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. A curadoria é da artista indígena e mestre em Direitos Humanos Daiara Tukano, e a co-curadoria é da antropóloga Majoí Gongora. O Museu da Língua Portuguesa é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo de São Paulo.
Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação propõe um mergulho na história, memória e realidade atual das línguas dos povos indígenas do Brasil, através de objetos etnográficos, arqueológicos, instalações audiovisuais e obras de arte. A exposição busca mostrar outros pontos de vista sobre os territórios materiais e imateriais, histórias, memórias e identidades desses povos, trazendo à tona suas trajetórias de luta e resistência, assim como os cantos e encantos de suas culturas.
O Museu Goeldi não apenas sediará a exposição, como é correalizador, tendo contribuído com acervo linguístico desde a realização da mostra em São Paulo.
Uma das novidades da itinerância em Belém são os objetos das coleções de arqueologia e etnografia salvaguardadas pelo Museu Emílio Goeldi, que concentra acervos de referência sobre a Amazônia de importância mundial. Entre as peças incorporadas à exposição estão vários botoques – tipo de adorno usado para alargar o lábio inferior; e tembetás - peças de quartzo colocadas sob os lábios. Ambos são objetos que evidenciam habilidades valorizadas entre muitos povos: a oratória e a escuta. Também foi incluído na exposição um raro banco esculpido em quartzo que na cosmovisão tukano está diretamente associado à avó do universo, Yepário.
Há um século e meio que o Museu Paraense Emílio Goeldi desenvolve trabalhos de pesquisa, divulgação e preservação dos modos de fazer dos povos indígenas, dentre os mais recentes inclui o projeto Replicando o Passado, em parceria com ceramistas de Icoaraci, distrito de Belém (PA). Produto deste projeto, também será exibida na exposição a réplica de uma urna funerária marajoara, elaborada originalmente por indígenas que habitaram a região amazônica desde aproximadamente o ano 500.
A mostra itinerante Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação conta com articulação e patrocínio máster do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet e é correalizada pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. O projeto tem cooperação da UNESCO no contexto da Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032) e parceria do Instituto Socioambiental, Museu de Arqueologia e Etnologia da USP e Museu do Índio da FUNAI. A realização é do Museu da Língua Portuguesa, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, do Ministério da Cultura e do Governo Federal.
Saiba mais sobre a exposição
“Língua é pensamento, língua é espírito, língua é uma forma de ver o mundo e apreciar a vida”. É assim que a curadora Daiara Tukano descreve o ponto de partida de Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação. A imersão começa no próprio nome da mostra, que vem da língua Guarani Mbya: nhe’ẽ significa espírito, sopro, vida, palavra, fala; e porã quer dizer belo, bom. Juntos, os dois vocábulos significam “belas palavras”, “boas palavras” – ou seja, palavras sagradas que dão vida à experiência humana na terra.
Contando com a participação de cerca de 50 profissionais indígenas, a exposição tem co-curadoria da antropóloga Majoí Gongora; consultoria especial de Luciana Storto, linguista especialista no estudo de línguas indígenas; em diálogo com a curadora especial do Museu da Língua Portuguesa, Isa Grinspum Ferraz.
A exposição tem uma lógica circular guiada por um rio de palavras grafadas em diversas línguas indígenas que atravessa todo o espaço expositivo, conectando as salas em um ciclo contínuo. No início da exposição, o visitante se depara com uma floresta de línguas indígenas representando a grande diversidade existente hoje no Brasil. Nessa floresta, o público poderá conhecer a sonoridade de várias delas.
A sala ao lado, “Língua é Memória”, traz à tona históricos de contato, violência e conflito decorrentes da invasão dos territórios indígenas desde o século 16 até a contemporaneidade, problematizando o processo colonial que se autodeclara “civilizatório”. Neste ambiente, outras histórias serão contadas por meio de objetos arqueológicos, obras de artistas indígenas, registros documentais, recursos audiovisuais, multimídia e mapas criados especialmente para a exposição com dados sobre a distribuição da população e das línguas indígenas pelo território brasileiro.
As transformações das línguas indígenas são tratadas em conteúdos que exploram a resiliência, a riqueza e a multiplicidade das formas de expressão dos povos indígenas. “Colocamos em debate o fato de que somos descritos como povos ágrafos, sem escrita, mas nossas pinturas também são escritas – só que não alfabéticas”, explica Daiara Tukano.
Na terceira sala, o público conhecerá a pluralidade das ações e criações indígenas contemporâneas, distribuídas em nichos temáticos, a partir de seu protagonismo em diferentes espaços da sociedade, a exemplo de sua atuação no ensino, na pesquisa e nas linguagens artísticas. No espaço é possível ainda assistir a cenas da Marcha dos Povos Indígenas, sob direção do cineasta Kamikia Kisédjê.
Ao acompanhar o percurso do rio, os visitantes alcançam um quarto ambiente, noturno, uma atmosfera onírica introspectiva que permite o contato com a força presente nos cantos de mestres e mestras das belas palavras. O rio que percorria o chão da exposição, agora sobe a parede como uma grande cobra até se transformar em nuvens de palavras – preparando a chuva que voltará a correr sobre o próprio rio, dando continuidade ao ciclo.
Sobre o Museu da Língua Portuguesa
Localizado na Estação da Luz, no centro de São Paulo, o Museu da Língua Portuguesa tem como tema o patrimônio imaterial que é a língua portuguesa e faz uso da tecnologia e de suportes interativos para construir e apresentar seu acervo. O público é convidado para uma viagem sensorial e subjetiva, apresentando a língua como uma manifestação cultural viva, rica, diversa e em constante construção.
O Museu da Língua Portuguesa é um equipamento da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, concebido e implantado em parceria com a Fundação Roberto Marinho. O IDBrasil Cultura, Esporte e Educação é a Organização Social de Cultura responsável pela sua gestão.
Sobre o Museu Goeldi
Centro pioneiro nos estudos científicos dos sistemas naturais e socioculturais da Amazônia, bem como na divulgação de conhecimento, organização e manutenção de acervos de referência mundial relacionados à região. Estimula a apreciação, apropriação e uso do conhecimento científico sobre a região pela população.
Vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o Museu Goeldi é um dos mais antigos, maiores e populares museus brasileiros. Foi fundado em 1866 na cidade de Belém, onde está localizado seu Parque Zoobotânico e o Campus de Pesquisa. Mantém ainda no Arquipélago do Marajó (PA) a Estação Científica Ferreira Penna, um laboratório avançado para o estudo do funcionamento da Floresta Amazônica.
Texto produzido por: Museu da Língua Portuguesa, Museu Paraense Emílio Goeldi e Instituto Cultural Vale
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