Maria Mary Ferreira
Os movimentos feministas no Brasil são desdobramentos das lutas sufragistas que marcam o Século XIX e início do Século XX. Sua capacidade revolucionária e aglutinadora tem na última década do Século XXI conseguido levar grande número de mulheres e homens para ruas e praças para protestar contra a permanência das relações patriarcais e desiguais, que no Brasil incide sobre os altos índices de violência de gênero e a feminização da pobreza. Das lutas empreendidas pelos movimentos feministas que se notabilizaram de 2015 à 2022, destacamos as mobilizações contrárias a Reforma da Previdência e Reforma Trabalhista, a Luta contra o Golpe de 2016, quando os movimentos feministas se juntaram contra o impeachment de Dilma Rousseff nas celebrações do 8 de março (2015 e 2016) e nos atos pelo ELE NÃO!, em 2018, quando tínhamos a certeza de que o governo de Bolsonaro seria um desastre para as populações pobres e principalmente para nós mulheres. O resultado estão aí nos indicadores que denotam como a violência de gênero e a miséria aumentaram no seu governo.
Ao lado dessas grandes bandeiras estava as bandeiras feministas de combate a cultura do estupro, a violência doméstica e sexual, a desigualdade salarial e a luta por maior representação nos espaços de poder. Importante destacar que o papel transgressor que este movimento ocupou e ocupa foi responsável pelas mudanças de paradigmas que as mulheres vêm conquistando ao longo do Século XX e XXI, das conquistas vale destacar a Criação das Delegacias e das Varas de Combate a Violência à Mulher, as diversas legislação como a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, as mudanças no Código Penal que iguala as mulheres aos homens em direito e oportunidades. Embora isso seja fato, entretanto, muitos desafios se fazem notar entre os quais a ampliação da presença das mulheres nos espaços de poder, uma vez que somos sub representadas: não ultrapassamos os 20 % nos legislativos e em todos os espaços decisórios: no judiciário e nos executivos.
No Maranhão o marco das lutas feministas estão imbricados com as lutas por direito e cidadania que eclode no final dos anos setenta e início dos anos oitenta, é neste período que se cria o primeiro grupo feminista: Grupo de Mulheres da Ilha [...] protagonista da luta política das mulheres por democracia e igualdade social, tornou-se um destacado porta-voz na defesa, às vezes intransigente, dos direitos das mulheres. (FERREIRA, 2007, p.23). Posteriormente, outros grupos foram eclodindo, entre os quais o Grupo de Mulheres 8 de Março (1984), Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa (1985), entre outros. A renovação destes grupos na contemporaneidade denota mudanças substanciais nas formas de atuação e linhas de condução. Interessa destacar que os Movimento feministas são protagonizados por mulheres de todas as gerações, classes sociais e etnias. Os feminismos e as feministas maranhenses, tem clareza de que suas bandeiras, linhas de condução, representações e formas de atuação, estão sintonizadas com a luta contra a opressão da sociedade de classes que queremos e devemos superar, na luta.