A versão de que a
sociedade brasileira têm por característica resolver seus conflitos políticos
por meio da conciliação e que o povo é pacífico ganha novos rumos — e
contestações — na exposição “Conflitos: fotografia e violência política no
Brasil 1889-1964”. O conteúdo da mostra, que tem a curadoria de Heloísa Espada,
foi debatido no Instituto Moreira Sales, no Rio.
— Há dois mitos sobre
Brasil que são disseminados de diferentes maneiras e que não são verídicos: que
há conciliação entre elites políticas e o mito do povo pacífico, que nunca se
rebela contra o Estado — disse uma das consultoras da exposição, Ângela Alonso.
Segundo ela, há
evidências históricas de que disputas políticas no Brasil, em muitos casos,
foram resolvidas por meio de conflito, seja entre elites na busca por poder ou
por meio da revolta popular contra medidas adotadas pelos governos. Ela citou
os casos das revoltas da Vacina e de Canudos, que tiveram início em rebeldia de
“extratos mais baixos da população”.
— Povo e elite resolvem
seus conflitos no tapa, muitas e muitas vezes na História. Não é só violência
física. Tem violência simbólica que fica ao longo do tempo, como demonizar
adversários e entronizar aliados. Em geral, isso não está descasado, essa
demonização dos adversários e a introdução de novos aliados, da eliminação
física dos adversários — disse.
Ângela de
Castro Gomes, outra consultora da exposição e pesquisadora do catálogo lançado
ontem, disse que o Brasil passou por uma série de rebeliões na década de 30 e
todas elas, apesar de terem como base a disputa militar influenciadas pele
elite política, causaram grande efeito para os civis nas grandes cidades e no
interior.