Páginas

sábado, 7 de junho de 2014

Epitáfio para Adirson Veloso (1949-2014) por GERÔ





07.04.07
Cordel do Gerô
Acabo de receber por emeio (eu e muitos outros) cópia do cordel que Gerô disparou contra Adirson Velloso, após ser expulso violentamente pelos seguranças da Fumc e ser destratado de “macaco” e “negro safado”.
Enviado por Joel Jacinto, radialista, colunista do Jornal Pequeno, ligado ao carnaval e outras manifestações populares.
Joel é negro. Como tantos outros, jamais divulgou o episódio Adirson versus Gerô, que certamente conhecia, dadas as suas relações no meio. Enfim, antes tarde do que nunca.
Reproduzo apenas em parte o texto. As partes suprimidas são muito agressivas e configuram outro tipo de preconceito. Embora Jacinto, com toda certeza, não tenha tido a intenção de estimulá-lo — ou então eu não entendo mais nada.
Mantive os erros do original, para não desfigurá-lo:
Lá vai:

Espanquem o Pretinho
ou
Mimosa, Racista da FUNC
Editora: Gerarte
Autor: Linguaafiada


I
Fui reclamar da situação
Como andam discriminando
A arte do Maranhão
Se todos nós somos artistas
Sofredor deste torrão

II
Sou cantador sou poeta
Sou rimador sou versista
Sou negro sem ter vergonha
Da minha cor ser mal vista

III
Grito brigo e esperneio
Pois só quero o que é meu
Não tou pedindo favor
Nem mexendo no alheio

IV
Mas aqui no Maranhão
Onde tudo acontece
Quem gritar entra na taca
Nego não faz, obedece

V

Veja só o disparate
Aqui na Capital
São Luís dos Azulejos
Patrimônio Mundial

VI

Nosso prefeito colocou
Na função cultural
Um racista criminoso
Que pensa que é o tal

VII

Este homem minha gente
..........................................
Pois dizem pó aí
...........................................

VIII
.....................................
......................................
......................................
.......................................
........................................

Decorador de mão cheia
Anda na ponta do pé
O gordo é quase uma anta
..............................................
.............................................

IX

O decorador de mão cheia
Que pensa que tá no Céu
Transformou a nossa FUNC
Na casa dele, um bordel
Reclamo e não me arrependo
O grito é a arma minha
Não uso de violência
So do verso e a inteligência

X

A casa da cultura
Merecia mais respeito
Ter na sua direção
Homem sério a sua altura
Não uma ............................
Que não sabe o que é cultura
Na viúva mama as tetas
A ainda é cheia de frescura

XI
Pode mandar me espancar
Quantas vezes tu quizer
Mais sou homem .............
Cafuné só de mulher
Mas tu uza e tu abuza
So poquer o poder quer

XII

Não sei mesmo não sei como
Foi que isto aconteceu
Que o PDT um partido
Que o negro sempre defendeu

XIII

Botar um verme racista
No meio dos filhos seus
Revolta quem foi pra luta
Revolta quem defendeu

XIV

Quem indicou o racista
Pra comandar
Equivou-se redondamente
E não gosta do trabalho da gente

XVI

.....................................
Eu não sou igual a tu
Que tem a feia manhia
......................................