garimpo ilegal, usando, muitas vezes, métodos que comprometem o meio ambiente. É preciso que o Estado ajude a organizar essa atividade, não basta proibi-la. É preciso fiscalizar essa atividade, para que ela seja realizada de modo correto. Por que a mineração pode ser feita por uma empresa multinacional, pela Vale do Rio Doce, e não pode ser feita por uma cooperativa de garimpeiros, desde que fiscalizados, respeitando o meio ambiente? Por que temos que perseguir ou expulsar, da Amazônia, 600 mil brasileiros? Vamos empurrá-los para onde? Para o narcotráfico, para sobreviverem do crime? Não! É preciso que o Brasil compreenda que na Amazônia, além da floresta e dos índios que precisam ser protegidos, vivem 23 milhões de brasileiros, mais do que a população do Uruguai e do Paraguai juntas. O governo americano quer que o governo brasileiro se comprometa a expulsá-los da Amazônia, para que todo o minério fique à disposição dos grandes grupos econômicos. 30% da biodiversidade do mundo está na Amazônia, meus amigos; a riqueza do mundo está na Amazônia; o minério do mundo está na Amazônia; a água do mundo está na Amazônia; a floresta do mundo está na Amazônia. Agora, deixem-me acrescentar, também, que a miséria do mundo está na Amazônia; as doenças infecciosas estão na Amazônia; o analfabetismo está na Amazônia; a mortalidade infantil está na Amazônia; escolas como eu vi, milhares sem água e sem luz, encontram-se na Amazônia. E o que dizer para essas pessoas que vivem nessa situação? Nada? Se vire? Vocês são criminosos? Não! Pelo amor de Deus! Tenham paciência! Não é assim que se resolvem dramas humanos. É preciso proteger os índios, as florestas e a biodiversidade; é justo e humano. Mas não se pode matar de fome, de abandono, de miséria e de doenças, seres humanos que vivem, ali, também! É óbvio que eles precisam de proteção. Quem vai dar essa proteção? Ninguém? Quando alguém aparece por lá é a polícia ou o narcotráfico que, infelizmente, se infiltra ou a repressão! A Amazônia não pode ter esse destino.”