Essa imagem não será mostrada no horário de propaganda eleitoral. Extrair desta fila sorrisos desdentados é um esforço que marqueteiros bem remunerados não pretendem empreender. São pobres, quase todos pretos, famélicos, vestidos em farrapos que nem mesmo esperam qualquer milagre que os retire desta condição.
A pobreza em São Luís se avolumou com a crise sanitária da pandemia e suas catastróficas consequências econômicas. A população em situação de rua, nomenclatura eufemística para designar os maltrapilhos que perambulam no centro histórico da cidade, é crescente. São numerosos que as estatísticas oficiais não revelam como desafios vencidos. Sem moradia e, portanto, sem título de eleitor, essa população está fora do foco dos debates entre candidatos.
No domingo de carreatas e atos de campanha nos bairros, a fila do atendimento das campanhas solidária tem crescido exponencialmente na região do Mercado Central. Na maioria são homens, desempregados, entregues ao vício das drogas, desligados de suas famílias e sem nenhuma perspectiva de futuro melhor.