Suspeitos de praticar injúria racial contra o segurança Fábio Coutinho, no Mineirão, os irmãos Adrierre Siqueira da Silva, de 37 anos, e Natan Siqueira da Silva, de 28 anos, prestaram depoimento nesta terça-feira (12) no Departamento de Operações Especiais (Deoesp), em Belo Horizonte. Os dois querem pedir desculpas pessoalmente ao funcionário.
— O pedido de desculpa pode ser considerado pelo juiz lá na frente, mas não tem peso de retratação no crime de injúria racial —explicou a delegada Fabíola Oliveira à TV Globo.
No último domingo, durante o clássico entre Atlético-MG e Cruzeiro, que teve brigas dentro e fora do estádio, com 65 detenções, os irmãos foram flagrados em imagens de celular xingando Fábio Coutinho que fazia a segurança no interior do Mineirão. No vídeo, que viralizou nas redes sociais, Natan o teria chamado de macaco. Ele, no entanto, negou que tenha usado a palavra para ofender o segurança:
—De forma alguma, tanto é que eu tenho irmão negro, tenho pessoas que cortam o meu cabelo que são negros, amigos que são negros. Isso não foi da minha índole, pelo contrário. A forma que está circulando nas redes sociais, na imprensa... que eu usei a palavra “macaco” ao me dirigir a ele... de forma alguma eu falei aquilo. A palavra direcionada foi “palhaço” e não “macaco”.
Pelas imagens, o irmão de Natan, Adrierre, aparece cuspindo no segurança e em seguida gritando: “Olha sua cor!”. Ontem, ele se declarou arrependido.
— Estava com os ânimos exaltados na hora do jogo e quero pedir perdão a ele, por todos os insultos que eu fiz, pelo cuspe que eu proferi. Aquilo não é da minha índole —afirmou.
ATLÉTICO PODE SER PUNIDO
As desculpas de Adrierre não se limitaram ao segurança. Ele as estendeu aos torcedores atleticanos e cruzeirenses. Muitos cobraram sua exclusão do estádios nas redes sociais.
No dia seguinte após o ocorrido, Fábio Coutinho, de 42 anos, disse que foi situação mais delicada em seu trabalho.
—A nossa intenção era barrar a ida dos atleticanos para uma área restrita, a área da imprensa, mas os atleticanos queriam passar de qualquer jeito —explicou.
De acordo com o procurador-geral do STJD, Felipe Bevilacqua, o Atlético-MG pode ser punido pela injúria racial proferida por seu torcedor.