Poucos
sabem, mas a primeira mulher que escreveu um Manifesto Feminista viveu alguns
meses na América Latina, precisamente em Buenos Aires (Argentina), em
1918. Seu nome, Mina Loy ( Londres,
1882-Colorado, 1966), poeta, dramaturga, artista plástica, fez parte das vanguardas plásticas como
Futurismo e Dadaísmo.
Um
de seus retratos mais famosos foi feito por ManRay. Mina chegou à Argentina
trazida pela guerra, que em seu caso funcionou com um abalo sísmico que a
depositou em outra parte do mundo, quase contra sua vontade.
Muitos
jovens americanos haviam saída dos Estados Unidos para evitar serem recrutados
como soldados e enviados à frente. Entre eles, Arthur Cravan, um homem de quase
dois metros de altura, poeta, boxeador e sobrinho de Oscar Wilde. Cravan havia
chegado a editar uma revista de poesia e, Mintenant. Naquele tempo Mina o
considerada um depravado, depois se apaixonou por ele para sempre. Cravan se
declarou a ela com uma frase: “Devias vir comigo e viver dentro de um táxi;
poderíamos ter um gato”.
Ela
não pensou duas vezes. Naquele tempo as coisas caminhavam bem: ele havia saído
de um divórcio e podia voltar a ver seus filhos Giles e Joella, fruto do
matrimônio anterior. Com a guerra era
impossível pensar em ir ou sair da Europa. Ela acabara de publicar sua ‘Love
Songs’, poemas de amor e um longo poema sobre o parto, considerado pornógrafo
para a época.
Mina
Loy foi então para o México agora como a senhora Cravan, junto com outros
amigos. Permaneceu por um tempo em Salina Cruz, alimentando-se de tomates e
ovos. Pouco tempo depois, as tropas dos Aliados passaram a recrutar desertores
na costa do México. Eles deveriam deixar
o lugar se não quisessem ir para o campo de batalha.
“Alguém
disse que viver em Buenos Aires era barato. Carne custava somente cinco
centavos de libra, a bebida era boa e uma vida noturna com cabarés e outras
atrações. Cravan e Mina decidiram viajar
separados. Ele, em um veleiro, e ela em um barco mais seguro. Ele teve má
sorte. O veleiro oi atingido por um temporal e depois disso ninguém mais soube
sobre ele.
Katherine
Dreier, amiga de artistas como Marcel Duchamps e outros, convenceu Mina a
embarcar para a Argentina. Na América do Sul uma mulher viajando sozinha não
era bem vista. Por mais que ela tivesse uma conduta moderna e grandes ideias
sobre o mundo eminino, não deixaria de ser vista como uma gringa.
Mina
Loy viajou primeiro a Valparaíso e cruzou então os Andes de trem de Santiago
até Buenos Aires em um trajeto que durava um dia e meio. Estava grávida de
cinco meses quando chegou e não perdia a esperança de encontrar Cravan em
Buenos Aires, como haviam combinado.
Ela
viveu na casa do cônsul da Inglaterra na época em que lá estava Marcel
Duchamps. Dele recorda quando Katherine Dreier comentou sobre o naufrágio de
Cravan ele atribuiu aos males da guerra.
Os
poucos meses que esteve em Buenos Aires foi marcantes para a vida de Mina.
Naquela tempo a cidade em nada se assemelhava à cidade metropolitana que já era
Nova Iorque para acolher suas inquietações artísticas. Mesmo Duchamps admitia
ser BA uma cidade provinciana e os argentinos ignorantes em relação à arte
moderna.
Mina
escreveu a sua mãe, se reconciliando com ela. A mãe a recebeu no seu regresso.
Em abril de 1919 nasceu Jemina Cravan Lloyd. Mina nunca se conformou em ter
perdido Arthur Cravan.
Mais
tarde, ela se dedicou a decorar luminárias graças ao apoio de Peggy Guggenheim.
Como tudo que empreendia, se destacou como tal. Em 1923, publicou o livro Lunar
Baedeker. Baederker era o nome de um famoso guia turístico na época. Havia
escrito um antes, em 1915, muito elogiado pelos poetas da época.
Também
escreveu a novela surrealista Insel, publicada em 1991. É a história de um
artista alemão, Insel, com a marchan
Mrs. Jones. Alguns críticos comentam que é baseada em sua próprio vida e Insel seja o pintor Richard Oelze. O
livro pode ser encontrado no Goolgle Books, assim como uma biografia detalhada
de Mina Loy, Becoming Modern, de
Carolyn Burke.
Em
1929, The Little Review perguntou a Mira Loy
- Qual foi o momento mais
feliz de sua vida
-Casa momento que passei com
Arthur Cravan
E o mais triste
- Todos os demais.
Para
quem desejar ler algo mais sobre Mina Loy pode encontrar textos em castellano
de Aitor Boada Benito, no endereço
https\\elvuelodelalechuza.com\2017\09\11\el-uniberso-lunar-de-mina-loy.
Quem
é Mina Loy
Indubitavelmente uma mulher
invisível. Tão desconhecida no mundo atual que se confunde com o nome de uma
atriz de Hollywood da década de 30, Mirna Loy.
Dizia que ser poeta era uma forma de reivindicar o anonimato. “Nunca fui
uma poeta. Verdadeiramente sou um ser vivo. Sem dúvida, é necessário permanecer
no anonimato para manter a incógnita, a aventura que elegi de ser poeta”.
Nasceu
Mina Gertrude Löwry e passou por Paris, Itália, Nova Iorque, Argentina e
faleceu aos 83 anos em Colorado (EUA). Redigiu o Manifesto Feminista em
novembro de 1914, em resposta a alguns desafortunados e sexistas que haviam
largado Marinetti, ideólogo do futurismo e seu amante por muito tempo. Pra ele,
as mulheres eram “joguetes trágicos, animais maravilhosos”, e isso fez Mina
saber que era “especial, não como as demais mulheres”.
Sem
pensar duas vezes, arremessou contra ele seu manifesto em forma de poema, em
versos livres e sem pontuação, o que na época por si só era um escândalo.
Jamais foi publicado enquanto ela viveu.
Recentemente
foi publicado em castellano (em 2016), por uma editora espanhola – Linterna
sorda, pelas mãos de uma biógrafa, Ana Muiña.
É
considerado o primeiro manifesto adjetivamente femininista. Perfilada às
anarcofeministas, Mina foi reconhecida como uma autoridade no tema assim outras
mulheres que jogaram luz na luta pela igualdade como a escritora Josefa Amar e
Borbon, em 1786, em seu disso em defesa del talento de las mugeres (sic). Neste
discursos, se discute tdos os prejuízos causados pela suposta superioridade
intelectual masculina em relação às mulheres. O texto pode ser acessado pelo
link da Biblioteca Augustana.
Manifesto feminista de 1914(Fragmentos)
1 – O movimento feminista tal e como está instituído na
atualidade resulta inadequado. Mulheres se queremos realizar – e nos encontramos
na véspera de uma convulsão psicológica devastadora – não devemos ser
complacentes para desmascararmos todos os enganos. Estão preparadas para o Inferno. O único método
para a demolição absoluta é o tradicional no, só assim conseguiremos a
revolução.
2 – Se de verdade desejas encontrar teu lugar, sede valente
e comece negando este patético grito de guerra disparatado de que a mulher é
igual ao homem. O primeiro engano que convém demolir na divisão das mulheres em
duas classe – a amante e a mãe. Qualquer mulher consciente de seu papel e sã
pode se expressar através de sus funções, sem restrições.
3 – não há nada impuro no sexo- exceto se não há disposição
mental. Esta ideai pode se constituir em uma degeneração social incalculável e
vasta que se pode imaginar para uma geração.