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quarta-feira, 14 de março de 2018

MG pode ter a primeira mulher travesti disputando uma das vagas ao Senado


    Minas Gerais pode ter a primeira candidata mulher travesti a disputar um cargo majoritário. O nome de Duda Salabert (PSOL) foi inscrito nessa segunda-feira, (12/3), para disputar as prévias para o Senado no partido. A legenda agora tem que oficializar quem vai disputar uma das duas cadeiras em jogo nas eleições deste ano. 

    Duda já é militante e atuante das causas sociais, professora há 18 anos, também é uma das idealizadoras da ONG Transvest, projeto artístico-pedagógico que trabalha para combater a transfobia e incluir travestis, transexuais e transgêneros na sociedade. 

    A última eleição para a Câmara dos Deputados e o Senado formou o Congresso mais conservador da história, com o crescimento de bancadas ligadas a movimentos conservadores e com significativo aspecto religioso. Diante disso, Duda considera que sua pré-candidatura, por si só, já representa uma luta pela visibilidade das questões LGBT e principalmente da mulher travesti. 

    “O mais importante é que minha candidatura extrapola a eleição e uma possível vitória. Ela vai trazer um debate historicamente silenciado”, afirma. Segundo ela, que ancora sua campanha em três pilares: educação, diversidade e meio ambiente, o debate que sua presença traz à disputa pode dar relevância a questões ligadas à construção política em torno desses temas. 

    “Sobre o Senado eu achei importante dizer o que a presença de uma mulher travesti representa. Se é uma casa para senhores, como o nome remete, é importante que uma travesti ocupe esse cargo. Também é uma Casa para senhores, mais velhos, com a função de moralizar a sociedade. Como o corpo travesti é visto como imoral esse momento é de ressignificar”, pontua, ressaltando em a expectativa média de vida de travestis é de até 35 anos, e que a presença dela, com 36 anos, também é algo que vai contra a “normalidade” da Casa. 

    Duda ainda chama atenção para outro aspecto. Segundo ela, mais importante que votar em candidatos ou candidatas LGBTs ou ligados às causas, é prestar atenção ao partido pelo qual a pessoa se lança na disputa. “Não basta votar em candidatos LGBT se o partido que essa pessoa faz parte, no Congresso, vai contra as pautas. O debate tem que extrapolar isso e olhar as questões partidárias”, considera. 

    A pré-candidata também ressaltou a necessidade de visibilidade e políticas para o movimento que tem sofrido, cada vez mais, com aumento da violência. Em 2017, 445 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTs) foram mortos em crimes motivados por homofobia. O número representa uma vítima a cada 19 horas. 

    O dado é de levantamento realizado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), que registrou o maior número de casos de morte relacionados à homofobia desde que o monitoramento anual começou a ser elaborado pela entidade, há 38 anos.

    Os dados de 2017 representam um aumento de 30% em relação a 2016, quando foram registrados 343 casos. 

    O estado com maior registro de crimes de ódio contra a população LGBT foi São Paulo (59), seguido de Minas Gerais (43), Bahia (35), Ceará (30), Rio de Janeiro (29), Pernambuco (27) e Paraná e Alagoas (23). Entre as regiões, a maior média foi identificada no Norte (3,23 por milhão de habitantes), seguido por Centro-Oeste (2,71) e Nordeste (2,58). 

Além da Duda, ainda disputam as prévias pelo PSOL: 

Lorene Figueiredo