"Acho que entramos numa via sem saída boa. Uma opção é um governo paralisado, com
Temer salvo pelo veto de cerca de 1/3 da Câmara às autorizações para que seja
processado. Ele ficaria refém do Congresso, usando abusivamente recursos públicos
para comprar apoio para sua preservação no cargo, com uma coalizão minguante.
Ou então seis meses de governo interino, seguido por outro muito curto, já
em plena discussão sucessória, pois ele começaria em algum dia de março e
as eleições gerais seriam em outubro de 2018. Mesmo que Rodrigo Maia seja
eleito para esse mandato-tampão, seria um governo de 14 meses, limitado
por seis meses de interinidade e com um mandato pleno de oito meses.
Os prazos são péssimos. Recesso do STF até agosto. Se o STF
aceitar a denúncia, Maia ficará por seis meses como interino. Se o STF
examinar a admissão da denúncia na primeira sessão de julgamento — elas
são às quartas e quintas — a decisão ocorreria, digamos, na quarta-feira
de 2 de agosto. Se não houver votos muitos longos e debates intensos — o
que é improvável — a pronúncia se daria em 02/08 e Temer seria afastado.
Os seis meses de afastamento iriam até 05/02 de 2018, se o
processo tomar todo o período constitucional para o afastamento. Se o
presidente for condenado, Rodrigo Maia convocaria eleições indiretas na
segunda semana de março para um mandato de oito meses”.