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domingo, 30 de abril de 2017

Massacre em Mato Grosso - ALDIR BLANC

Todo dia jornais e tevês me atualizam sobre o policial morto por um fanático em Paris. O estranho é que não vejo nada sobre o andamento das investigações, em Mato Grosso, onde 9 (nove!) sem-nada e quilombolas (o alvo da vez) foram chacinados a mando, segundo todas as notícias, de fazendeiros locais, por assassinos mascarados. Alguns corpos tinham marcas de tortura. Parece que um francês vale bem mais que nove brasileiros, ou melhor, que milhares de brasileiros na guerra que ocorre do Amazonas ao Complexo do Alemão. No momento em que escrevo, outro garoto de 13 anos perdeu a vida durante os intermináveis tiroteios. Curioso: disseram que o Alemão estava pacificado... Na França, já são conhecidos dezenas de cúmplices do criminoso. Quem ordenou o massacre? O presidente francês discursou sobre o crime na Cidade Luz. Pra variar, aqui a otoridade temerosa não abriu o bico.
Quando até o Papa Francisco dá a extrema unção a Treme-Temer, em carta humilhante proclamando que o desgoverno não cuida de quem é pobre, kaput.
As contas da temer-idade apresentaram o pior resultado desde 97, com queda de receita e alta de despesa. O resto é cascata. Crescimento fictício, inflação subindo — posso medi-la facilmente nos preços de produtos para diabéticos e livros —, a cópula dos ministros de confiança na lama, e o próprio presigárgula enfiado em duas delações infames: pedido de 10 milhões em pleno Jaburaca pra forcinha na candidatura de Paulo Skaf Edeusse, e, que beleza, 40 milhões de dólares dentro de seu excretório em Sampa, efeméride conduzida pelo presidiário ChikunCunha na presença do draculoso. De matar. Blaiblairo do Caldinho teve um “crescimento sustentável” de 400%. Outros asseclas de Treme-Temer aumentaram seus patrimônios em 300%, todos impunes. Enquanto isso, prosseguem as rigorosas investigações sobre pedalinhos, sítio, tríplex... Estou cansado de saber quem é o Italiano, e que vai continuar preso. Não há o mesmo rigor com Mineirinho, blindado vergonhosamente na roubalheira de Furnas, graças à proteção de jurisestultos. É preciso salientar a reação ambígua da sociedade brasileira. Foi implacável no caso da agressão praticada pelo escolhido de Paes, Pedro Paulo. O ator José Mayer também foi merecidamente penalizado por assédio. Pra Mineirinho, com agressões físicas, no plural, contra mulheres, agravadas pelo possível uso de tóxicos, não sobrou nada. E há bem-pensantes que ousam falar em imparcialidade. Vazar, em tempo real, a delação sobre o Amigo para conexões antagonistas é um escândalo, juiz Moro. Se o senhor não tem condição de cumprir a lei em seu próprio quartel-general, dedique-se ao cultivo de novas medalhas. A ministra Cármen Lúcia deseja apurar vazamentos. Seria bom começar por esse.
Paranoico de carteirinha, podem me colocar entre os chatos de esquerda. O problema é que a direita, além de chatíssima, fica com a parte do leão da riqueza nacional e, para mantê-la, tortura e assassina, como aconteceu em Mato Grosso.